segunda-feira, setembro 06, 2021

O homem-anfíbio

 


 Desmond Morris, autor do livro O Macaco nu, tem uma teoria curiosa: a de que o homem já viveu na água. Ou seja, de que somos anfíbios.
Essa teoria foi expressa pela primeira vez em 1930, pelo biólogo marinho Sir Alister Hardy. Comparando o ser humano com os macacos, ele percebeu várias diferenças, entre elas uma camada de gordura que temos sob a pele, que mantém a temperatura dos órgãos durante o mergulho. Só baleias e golfinhos têm tal característica.
Além disso, Hardy descobriu que nossos pêlos têm uma organização hidrodinâmica, ao contrário dos macacos, que têm pelos retos. Além disso, choramos lágrimas salgadas em abundância, como os leões marinhos, ao contrário dos macacos e outros animais das savanas. Nosso labirinto auricular nos dá mais equilíbrio que os primatas quando estamos imersos na água. Entre os dedos das mãos e dos pés temos uma membrana palmar que não pode ser observada nos primatas. Nosso nariz é hidrodinâmico, parece ter sido feito para mergulhar, ao contrário dos macacos.
Todas essas características somam-se a uma que parece ser reflexo subconsciente de nosso passado na água: os bebês humanos nadam sem medo e sem aprender.
Não há quem negue o fascínio que a água exerce sobre o ser humano. Sempre que quer se divertir, o homem se aproxima da água, seja em praias, piscinas ou rios. Nós, que moramos na região amazônica, tão abundante em rios e riachos, percebemos claramente o quanto as pessoas associam diversão com água. Parece que o ser humano se sente relaxado e feliz quando está nadando ou simplesmente próximo à água.
Todas essas características parecem colocar em xeque a idéia de que a origem do homem está nas savanas africanas. Talvez a origem da nossa espécie esteja no mar ou nos rios.
Talvez o nosso parente mais próximo não sejam os macacos, mas os golfinhos, que, como nós, saíram da terra e passaram a viver na água. Mas, ao contrário de nós, os golfinhos decidiram continuar por lá. Sorte deles.

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