segunda-feira, setembro 06, 2021

Origens secretas - filme policial explora o universo dos quadrinhos

 


Um homem é encontrado morto numa espécie de academia clandestina. Ao investigar, descobrem que ele era um cientista magro que em poucos meses se transformou num monstro musculoso. E mais: sua pele se tornou cinza. Esse assassinato remete diretamente ao primeiro número do incrível Hulk em que o magrelo cientista Bruce Banner se torna no monstro cinza Hulk. Sim, cinza, pois era essa a cor do personagem no início.
Esse é o primeiro de uma série de assassinatos que deverá ser desvendado pela polícia de Madrid. Para ajudar a solucioná-los, um detetive aposentado indica para o policial que irá substitui-lo seu filho, dono de uma loja de quadrinhos. E é formada uma dupla totalmente disfuncional: de um lado o detetive David, que odeia super-heróis e acha que quadrinhos são para crianças. Do outro, o nerd Jorge Elias, uma enciclopédia sobre quadrinhos, que consegue perceber todas as pistas quadrinísticas deixadas pelo assassino que levarão aos próximos casos. Completa o trio a chefe da polícia, que faz cosplay nas horas vagas e muitas vezes aparece na cena do crime vestida de personagem de anime ou de quadrinhos.
A temática poderia ser abordada em tom dramático, como um Seven quadrinístico, mas a opção do diretor David Galán Galindo preferiu levar o filme "Origens secretas", lançado pela Netflix, na direção da comédia – com uma quantidade enorme de piadas e referências à cultura pop em cada sequência. Como não podiam mostrar os quadrinhos originais, por uma questão de direitos autorais, os produtores criaram algumas peças interessantes. Logo que entra pela primeira vez na loja de quadrinhos, o detetive se deparada com um item raro, o gibi que mostrava a luta de Muhammad Ali contra o Superman. Mas, em decorrência do já citado problema com direitos autorais, aparece um boxeador lutando contra um herói genérico chamado Zinco. O nome do boxeador? Neal O´Neil, uma referência a Neal Adams e Denny O´Neil, respectivamente desenhista e roteirista do gibi original.
A ênfase no humor e a decisão de fazer um filme que começa como policial e termina como super-heroiesco faz com que o filme peque na profundidade dos personagens. Mas é um bom filme, divertido, que irá alegrar a maioria dos fãs e tem a atração de tentar não só adivinhar quais serão os próximos crimes, mas perceber todas as referências.

Ah, sim: tem cena pós-créditos.

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