segunda-feira, outubro 25, 2021

Obsolência programada

 

Há algum tempo comprei um relógio Cosmos e a pulseira acabou rasgando. Normal. Todo equipamento, em algum momento, tem uma peça que se desgasta. E, no caso do relógio, a pulseira nem é uma peça tão complexa. Ela não impede, por exemplo, o funcionamento do dispositivo. Mas sem ela não dá para usar.
Procurei relojoeiros e todos me diziam a mesma coisa: esse tipo de pulseira, só na autorizada. Na autorizada não tinha, mas podia encomendar, pagando 20 reais adiantando (e mais 400 no ato da entrega). Dois meses depois, acabei desistindo e pedindo meu dinheiro de volta. A moça da relojoaria me disse que pulseira para esse tipo de relógio é realmente muito difícil e que a fábrica não faz a mínima questão de disponibilizar.
O caso me fez acreditar que se trata de um caso de obsolência programada. O produto é feito para ser jogado fora, descartado, em pouco mais de um ano. O preço da pulseira (quase metade do preço do produto) e a dificuldade de conseguir têm como objetivo fazer com que o consumidor desista de tentar consertar o velho e resolva comprar um novo.
Um amigo, que vive de consertar eletrodomésticos, me dizia que algumas peças são tão caras quanto o produto em si. Impressora, por exemplo, não compensa consertar. Melhor jogar fora e comprar outra.
Isso sem falar nos produtos tecnológicos, como celulares, que são lançados hoje e daqui a um mês têm uma versão mais avançada, cujo objetivo é fazer a pessoa descartar o "velho" e comprar uma nova versão.
Se isso é muito bom para as empresas, é péssimo para o meio ambiente. O impacto ambiental de um relógio que você usa 20 anos é muito menor do que um relógio que você usa um ano e joga fora.

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