A primeira revista Marvel que vi, e que me marcou profundamente, foi Heróis da TV 16.
Na época eu morava em um cidade do interior de São Paulo, Mococa (sim, da fábrica de leite). Nós saímos da escola e, de repente, vimos um grupo de garotos aglomerados em volta da vitrine de uma mercearia. Corremos para ver o que era a novidade.
Quando finalmente consegui vencer o mar de gente, fiquei pasmo.
Era uma revista em quadrinhos.
Mas não se parecia com nada que tivesse visto até então. Para começar, que tipo de herói era aquele? Motoqueiro Fantasma? Com um rosto de caveira? Não parecia nada com os heróis que eu conhecia – em especial não parecia nada com os heróis da DC que estreavam o desenho Superamigos, muito popular na época. Além disso, a moto parecia avançar para além da capa vindo em nossa direção. Os policiais atirando simbolizavam que ele fugia da lei, mas o demônio ao fundo, emitindo seus raios contra ele conotavam que ele perseguido também pelas forças do mal. Aquela capa reunia em uma única imagem toda a complexidade dos quadrinhos Marvel e prometia uma aventura realmente sensacional. Para completar, num pequeno quadro, um close de Thor, um herói que eu conhecia dos desenhos desanimados da década de 60.
Ninguém tinha dinheiro para comprar – e o dono da mercearia não deu ouvidos aos apelos para tirar a revista da vitrine e nos mostrar. Assim, a publicação ficou lá, envidraçada, uma promessa inalcançável de aenturas incríveis.
Nunca nem mesmo abri ou folheei a revista, mas a capa ficou para sempre em minha memória e imaginação – e certamente contribuiu para que eu reconhecesse aquele sentimento quando li pela primeira vez uma revista Marvel Abril, anos depois.
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