domingo, agosto 21, 2022

Doutor Estranho – Doutor, cura-te a ti mesmo!

 


Um aspecto interessante dos personagens da Marvel é que na maioria das vezes eles tinham algum problema na relação com os genitores. Peter Parker não havia conhecido seus pais. Bruce Banner havia sofrido tantos abusos de seu pai que desenvolveu diversas personalidades, uma delas o Hulk. Matt Murdock odiava o pai por obrigá-lo a estudar para se tornar um advogado.

O mestre das artes místicas também tinha uma relação complicada com o genitor, algo que fica explícito na história Doutor, cura-te a ti mesmo, publicada em Uncanny origins 12, de 1997.

A arte de Marcelo Campos explora o tom dramático da história. 


A história escrita por Len Wein e desenhada pelo brasileiro Marcelo Campos inicia com o mestre das artes mágicas olhando triste pela janela de sua mansão.”Ah, meia-noite”, diz ele. “Tem início da hora da verdade! Mais uma vez recai sobre mim o dia fatídico! Finalmente chegou a hora de encarar os meus próprios demônios!”.

Com um gesto ele faz com que a tapeçaria deslize, revelando um quadro com um homem de meia idade. “Olá, mais uma vez, meu pai. Temo que tenha chegado o momento de reviver isso... o momento no qual, de novo, eu tento lidar com aquilo que você fez comigo!”.

O pai de Stephen era um homem que só pensava em dinheiro... 


Essa sequência é magistral tanto pelo texto (que introduz uma boa dose de suspense à história), como pelo desenho de Marcelo Campos, que destaca a expressão lacrimosa de Stephen Strange.

Nas páginas seguintes descobrimos que o pai de Strange era um homem rígido, que só pensava em dinheiro, algo que fica óbvio quando os filhos e a esposa organizam uma festa de aniversário para ele. “A vida é muito curta para ser desperdiçada com essas bobagens!”.

Como resultado, Stephen Strange se torna um médico frio e ganancioso.


Esse trauma muda a personalidade do jovem Stephen, que se torna alguém frio e ganancioso. Um cirurgião que só pensa em dinheiro, como se viu naquela primeira história de Steve Ditko e Stan Lee.

Len Wein explora muito bem esse passado do herói, demonstrando como suas ações estavam diretamente relacionadas ao seu passado, e termina a história com um momento de redenção.

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