O Inquisidor-geral foi um dos mais famosos e aclamados filmes de Michael Reeves, diretor de cinema inglês que morreu jovem, mas deixou obras fundamentais para o terror.
O filme de
Reeves é a linha mestra do volume 15 da nova série de Dylan Dog da Mythos.
Escrita por Fabrízio Accatino e desenhada por Luca Casalanguida, a história
cria uma trama que une um grupo de psicopatas que sequestram, torturam e matam
mulheres com uma investigação de Dylan a respeito da morte de Michael Reeves. E
a união dessas duas tramas, aparentemente díspares é feita com uma competência
impressionante. Até mesmo cenas do filme de Reeves e cenas de um documentário a
respeito do diretor se encaixam com perfeição na trama.
Cenas do filme de Reeves são entremeadas com a trama principal.
A história
começa com um rapaz tomando banho, vestindo terno e gravata, pegando um maço de
flores e convidando uma moça para sair, convite que ela rejeita. Logo depois,
ela recebe a visita do namorado.
A história
pula para o mesmo rapaz entrando numa mansão vitoriana e denunciando a vizinha:
“Devo informar que Rebecca Morris, a minha vizinha, é uma bruxa! Ela tem
relações carnais com o demônio!”.
Pesquisando sobre o diretor, Dylan conhece seu interesse romântico dessa edição.
A história
pula para Dylan Dog assistindo, com a namorada, o filme de Reeves, para revolta
da moça, que esperava um filme romântico. Logo depois de ser abandonado pela
moça, o detetive do pesadelo é abordado por um dos atores do filme, que lhe
conta sobre como o diretor inglês mudou depois do Inquisidor-geral e como isso
o levou ao suicídio.
Em busca de
respostas, Dog busca o BFI (British Film Institute), onde conhece a garota que
será seu par romântico durante a história. As investigações colocarão os dois
em rota de colisão com o homem que se considera o novo inquisidor geral.
A cena mais chocante do volume surge do contraste entre o diálogo e o que de fato está acontecendo.
Uma das
melhores sequências tem como protagonista o rapaz tímido do início. Ele está do
lado de fora da casa conversando com outro homem e não entende porque é
rejeitado: “Eu a cumprimento com gentileza todos os dias, convidei para minha
casa, pro cinema, pro teatro! Levei flores e bombons! Por que ela sempre diz
não?”. O homem o aconselha a se jogar: “Vá e arrase!”. Quando ele abre a porta,
descobrimos que a mulher pela qual ele está apaixonado está pendurar no teto,
sendo torturada. O contraste entre as duas sequências, assim como a forma
romântica e sensível com a qual o rapaz fala enquanto a moça é torturada e tem
seu cabelo cortado reflete bem o terror desse volume espetacular de DD. Um
terror que não nasce de demônios e os verdadeiros monstros são seres humanos.
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