Kraven, o caçador tornou-se um vilões mais célebres do
homem-aranha depois da história A ultima caçada de kraven, de JM De Matteis e
Mike Zeck. Mas esse personagem surgiu muito antes. Mais especificamente em The
amazing spiderman 15, de 1963.
Na trama, o Camaleão quase é pego pelo Aranha e decide que
precisa contratar alguém para eliminá-lo. Se você não sabe quem é o Camaleão,
está desculpado. Embora esse fosse um dos principais vilões do aracnídeo nas
primeiras histórias, com o tempo ele praticamente desapareceu.
O Camaleão resolve contratar Kraven, que surge em Nova York como celebridade.
O Camaleão, cujo poder estava relacionado ao disfarce,
refletia: “Ele é perigoso demais para mim, e ninguém seria louco para atacá-lo
para me ajudar!”. Nesse momento ele lembra de alguém seria louco o bastante:
Kraven, o caçador.
Curiosamente, quando o personagem aparece pela primeira vez
na história, ele é uma celebridade a ponto de JJ Jameson ter ido pessoalmente
ao porto recebê-lo, levando Peter Parker para registrar o momento.
Ditko e Lee aproveitam essa chegada para mostrar as
habilidades de Kraven: Jaulas que estavam sendo retiradas no navio desabam,
liberando feras selvagens, como cobras e gorilas. Kraven os captura um a um,
para delírio da galera. Um acontecimento muito conveniente para o roteirista, eu
diria.
Um acidente permite a Kraven mostrar sua habilidades. Isso que chamo de roteirismo.
Mas a grande fera que o caçador quer capturar é ninguém menos
que o Homem-Aranha. Para isso ele coloca na mão e no pé direitos do herói
algemas magnéticas, que não só tendem a se aproximar como ainda têm sininhos
embutidos que tocam quando ele se mexe.
O herói está em apuros, pois não só as algemas tendem a
imobilizá-lo, como ainda alertam o vilão sobre sua posição. Mas as sequências
em que o herói está em desvantagem duram pouco. O aranha joga fluído de teia
nas algemas anulando os sininhos e a partir daí domina a caçada.
É inevitável pensar no seguinte: como Kraven tivera
tecnologia para desenvolver algemas magnéticas, mas não tivera a ideia de fazer
algum mecanismo eletrônico de som, ao invés de depender de sininhos que
poderiam ser silenciados com teia?
Kraven inventa algemas tecnológicas e coloca sininhos nelas. Sim, sininhos.
Assim que o aracnídeo consegue prender o caçador em sua teia,
aparece a polícia e prende não só ele, como o camaleão: “Eu não fiz nada! É o
Kraven que vocês querem! Ele anda caçando seres humanos!”.
De novo fica a pergunta: por que a polícia leva Kraven preso,
já que a única prova contra ele era o relato do aranha, que a essa altura já
tinha se escondido para tirar fotos? E como o camaleão, que antes parecia um
vilão frio, resolve confessar a trama, assim, sem mais nem menos?
Entretanto, a narrativa visual de Ditko e o texto de Lee eram
tã divertidos que os leitores tendiam a ignorar essas inconsistências do
roteiro.
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