No budismo existem duas formas básicas de meditação.
A primeira delas é a Samatha, também chamada de meditação da
tranquilidade, ou meditação dirigida. Esse tipo de meditação é focada em algo,
sejam sons, mantras, um objeto, um pequeno texto, uma mensagem que pode ser
dita antes ou durante a meditação e até frases/desejos a serem repetidas
mentalmente. Esse tipo de meditação conduz à calma e à tranquilidade.
A meditação Samatha já existia muito antes do budismo, e o
próprio Buda Shakyamuni a praticou diversas vezes sob a orientação de diversos
mestres. Com o tempo, no entanto, Buda percebeu que, embora trouxesse
felicidade, era uma felicidade momentânea. Além disso, embora meditasse dessa
forma continuamente, ele não conseguia alcançar o estado de iluminação/nirvana.
Esse estado só foi alcançado com um novo tipo de meditação,
chamado de Samadhi, ou meditação da atenção plena.
Essa meditação é tão importante para a prática budista que
mereceu um sutra apenas para ela, o Satiphattana Sutra. “Este é o caminho para
a purificação dos seres, para superar a tristeza e a lamentação, para o
desaparecimento da dor e da angústia, para alcançar o caminho verdadeiro, para
a realização do nirvana”, diz o sutra.
E no que consiste esse tipo de meditação? Essencialmente,
ele é um treinamento para que foquemos no aqui agora, no momento presente, de
modo que estejamos totalmente conscientes, despertos para o momento presente,
vigilantes a tudo que fazemos e pensamos.
Isso foi resumido no famoso verso do Buda Shakiamuni:
“Não corra atrás do passado
Não busques o futuro
O passado passou
O futuro ainda não chegou.
Vê, claramente, diante de ti, o Agora.
Quando o tiveres encontrado,
Viverás o tranquilo e imperturbável estado mental”
Na maioria das vezes vivemos na ignorância da realidade que
nos cerca, num mundo de ilusão que nos fazer sermos dominados pelo apego. Como
resultado vivemos uma vida de ódio, desespero, negação, lamentação.
“Somente vivendo com plenitude o momento que passa,
conscientes de todas as vivências, será possível seguir o conselho de todos os
Budas: Evitar o mal, fazer o bem e purificar a mente”, afirmam Georges da Silva
e Rita Homenko no livro livro Budismo, psicologia do autoconhecimento.
E como é feita essa meditação?
“Dirigindo-se à floresta, ou à sombra de uma árvore, ou a um
local isolado, senta-se com as pernas cruzadas, mantém o corpo ereto
estabelecendo a plena atenção à sua frente, inspira com plena atenção justa,
expira com atenção justa. Inspirando ele compreende: Inspiração. Expirando ele
compreende: expiração”, ensina o Satipattahana Sutra.
Em outras palavras, a meditação é feita com o foco na
atenção plena à respiração. Sinta o ar entrando e o ar saindo dos pulmões. Para
isso, como ensina o sutra, ajuda muito pensar em marcas mentais, como entrando,
saindo ou inspira/expira.
“Quando meditamos, devemos fazê-lo com a mais despreocupada
das intenções, com a naturalidade de um descanso à sombra de uma árvore depois
de uma longa caminhada. Sem intenções, sem medos nem pressa, ficaremos apenas
como observadores da nossa mente e do nosso corpo, sem aversão ou apego à
sensações ou pensamentos agradáveis, desagradáveis ou indiferentes que nela
apareçam”, explicam Georges da Silva e Rita Homenko.
Ou seja, apenas observamos nossa mente e nossos pensamentos,
assim como nosso corpo e nossas sensações, como um expectador no teatro. Com o
tempo nos tornamos cada vez mais conscientes com relação a esses pensamentos e
sensações.
Buda aconselha atenção aos quatro fundamentos da doutrina da
atenção plena: atenção ao corpo (respiração, postura, movimentos); atenção às
sensações (agradáveis, desagradáveis, indiferentes); atenção à mente e aos
estados mentais (desejo, apego, sono, raiva, tristeza); atenção ao Dharma (a
verdade sobre o nosso ser).
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