quinta-feira, dezembro 29, 2022

Gavião Negro e a Thanagar distópica

 


Na década de 1980 a maioria dos personagens da DC estava passando por reformulações, em versões mais adultas e modernas.

Gavião Negro, um dos melhores personagens da era de prata não poderia ficar de fora. Essa nova versão, que iria influenciar a forma como Thanagar é representada futuramente, ficou a cargo de Timothy Truman (roteiro e desenho) e foi publicada como uma minissérie em três partes no ano de 1989. Para arte-finalizar foi camado o argetino Henrique Alcatena, que deu o tom pesado e distópico que a história exigia.

A história se passa antes de Katar Hol se tornar o herói que todos nós conhecemos. Membro de uma das famílias aristocráticas de Thanagar e filho do homem que inventou as asas que os habitantes locais usam, Hol se inscreve numa força policial local.

Nessa Thanagar distópica, todo o trabalho braçal é feito por estrngeiros. 


A história começa exatamente com uma missão policial. Enquanto descem aos níveis mais baixos do planeta, o helicóptero que leva os combatentes passa pela estátua de um antigo herói thanagariano, Kalmoran, e descobrimos que Katar Hol guarda um amuleto com ele. Kalmoran foi o responsável por derrotar outro povo, que escravizava e oprimia os thanagarianos.

A cena tem objetivo simbólico. Em contraposição ao passado representado pela estátua, Thanagar agora se tornou um império, que domina e escraviza outros povos. Planetas conquistados são obrigados a assinar acordos comerciais que incluem o envio de escravos para Thanagar. A população estrangeira se torna tão grande nas torres onde vive a aristocracia que grande parte dos estrangeiros é exilada para locais baixos, onde morrem de fome e doenças. Outros são enviados para ilhas e caçados como animais.

Alguns alienígenas são caçados. 


Além disso, nada mais é produzido em Thanagar. De vinhos a roupas, tudo vem de outros planetas. Não é preciso ir muito longe para perceber qual é a referência de Timothy Truman: sua Thanagar é uma versão extrema do império romano.

Katar Hol, nesse contexto, representa uma volta à utopia e aos valores, digamos, “humanos”.

O protagonista é envolvido numa tramoia que faz com seu pai seja morto e considerado um traidor e ele seja exilado – uma história surpreendente e inusitada. Outro aspecto inusitado é a forma como essa trama é narrada. Não há splash pages e são poucas as páginas de impacto. Tudo é muito intimista e, ao mesmo tempo, aterrador. A cena em que os personagens estão caçando alienígenas é um exemplo. Não há destaque ao horror da situação – demonstrando o quanto aquilo é banalizado na sociedade thanagariana.

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