sábado, dezembro 31, 2022

Ironias quadrinísticas

 


Uma das grandes ironias dos quadrinhos é que muitas vezes os criadores de determinado personagem acabam vendo suas crias se tornarem grandes sucessos nas mãos de outro autor. Isso era especialmente comum na era de bronze, em que roteiristas e desenhistas trocavam facilmente entre a Marvel e a DC.
Os exemplos são muitos.
Talvez o mais óbvio sejam os Novos X-men. Eles foram criados por Len Wein, que escreveu o primeiro número e entregou o título para um jovem estagiário da Marvel, Chris Claremont. Afinal, ele tinha coisas mais importantes para fazer, títulos mais importantes para escrever e os X-men nunca tinham sido um sucesso. Pouco tempo depois o grupo de mutantes se tornou um sucesso absoluto, especialmente depois da entrada de John Byrne nos desenhos. Em poucos anos era o título mais vendido da Marvel, os mutantes espalhava-se por vários gibis. O sucesso comercial foi tão grnade que Claremont ficou rico.
Len Wein, aliás, foi o roteirista criador do Monstro do Pântano, que fez algum sucesso na época, mas só se tornaria um sucesso absoluto de público e de crítica nas mãos de Alan Moore.
Aliás, Wein e Gerry Conway eram colegas de quarto. Não se sabe ao certo quem copiou quem, mas na época em que a DC lançou o Monstro do Pântano, Conway lançou o Homem-coisa na Marvel, uma sensação do recomeço do terror na editora, um título que estabeleceu nas mãos de Steve Gerber!
Um dos maiores sucessos da era de bronze foi o Mestre do Kung Fu, criado por Steve Englehart e Jim Starlin. Apesar de existirem na época diversos outros personagens tentando aproveitar a popularidade de Bruce Lee, alguns inclusive anteriores, foi Shang Chi que melhor captou o espírito dessa época. A revista foi uma das mais vendidas da Marvel, sendo publicada por anos... mas escrita por Doug Moench e  com desenhos de Paul Gulacy!
Outro exemplo é o personagem Demolidor, de Stan Lee e Bill Everett.
Everett tinha sido um dos criadores de Namor, o príncipe submarino, um dos maiores sucessos da Marvel na Era de Ouro e Lee queria trazê-lo para o barco nessa nova fase da editora. Assim surgiu o convite para desenhar o personagem. Mas Everett, que na época trabalhava com publicidade, mal conseguiu terminar o primeiro número. Foi substituído por Wally Wood e depois por outros desenhistas. Várias equipes criativas foram se sucedendo no personagem, que vendia cada vez menos.
No início dos anos 80 a revista estava para ser cancelada quando foi assumida pelo jovem Frank Miller, que revolucionou o personagem transformando-o num dos mais vendidos da Marvel. A popularidade do Demolidor de Miller era tão grande que no Brasil ele era o carro-chefe da revista Superaventuras Marvel. O personagem criado por Stan Lee e Bill Everett só se tornou realmente um sucesso nas mãos de Frank Miller.

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