A Mulher-Hulk foi criada às pressas porque Stan Lee temia que
o produtor do seriado do Hulk poderia criar uma versão feminina do personagem e
ficar com os direitos.
A história foi escrita a toque de caixa por Stan Lee e
desenhada por John Buscema, um dos artistas mais rápidos da Marvel. Deu certo
em termos: a Marvel garantiu os direitos, mas a personagem nunca fez sucesso.
Parecia que faltava alguma coisa.
Byrne faz uma página dupla impressionante.
John Byrne achava que faltava personalidade. Até então, o
principal traço de personalidade da heroína estava expresso no título:
selvagem. Ao assumir a personagem, Byrne mudou tudo, fazendo com que ela fosse
divertida e interagisse com os leitores numa autêntica quebra da quarta parede.
Na primeira história da nova revista (agora rebatizada como
The sensational She-hulk), a heroína vai a um circo treinar. Isso, claro, é uma
desculpa para uma maravilhosa página dupla na qual a personagem levanta dois
elefantes.
Mas a trama ganha uma reviravolta quando o Mestre do
Picadeiro aparece e hipnotiza a personagem. Ele está a serviço de um vilão
misterioso, que pretende testar a personagem, mas antes disso resolve ganhar
algum dinheiro depenando os expectadores do circo: a Mulher-Hulk levanta a
arquibancada e sacode, fazendo com o dinheiro e jóias caiam no chão, sendo
imediatamente recolhidos pelo vilão e seus asceclas.
Hipnotizada, a heroina conta a sua história.
Byrne usa uma estratégia marota para recontar aos leitores a
origem da personagem: o Mestre do Picadeiro pede que a heroína hipnotizada
conte sua história, de forma que essa recapitulação é feita de maneira natural,
sem parecer que a trama paralisou.
Essa história já tinha algums elementos de humor, mas a
característica mais revolucionária da série apareceria no final da história,
quando a Mulher-Hulk diz: “Um vilão anônimo está disposto a gastar três milhões
de dólares pra descobrir do que eu sou capaz... e eu já sei como a coisa
funciona por aqui. Só vou entender tudo no final da saga. Agora os leitores...
eu tenho certeza de vão descobrir na página seguinte”.
Quebra da quarta parede: a heroina conversa com o leitor.
A metalinguagem não era algo totalmente novo nos quadrinhos.
Grant Morrison já havia feito isso em Homem-animal. Mas Byrne, com sua
narrativa e seu desenho simples, mas funcionais, torna o recurso extremamente
divertido.
No Brasil essa história foi publicada em Grandes Heróis
Marvel 36.
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