quarta-feira, janeiro 25, 2023

Mulher-Hulk – Esta é a minha vez

 


A Mulher-Hulk foi criada às pressas porque Stan Lee temia que o produtor do seriado do Hulk poderia criar uma versão feminina do personagem e ficar com os direitos.

A história foi escrita a toque de caixa por Stan Lee e desenhada por John Buscema, um dos artistas mais rápidos da Marvel. Deu certo em termos: a Marvel garantiu os direitos, mas a personagem nunca fez sucesso.

Parecia que faltava alguma coisa. 

Byrne faz uma página dupla impressionante. 


John Byrne achava que faltava personalidade. Até então, o principal traço de personalidade da heroína estava expresso no título: selvagem. Ao assumir a personagem, Byrne mudou tudo, fazendo com que ela fosse divertida e interagisse com os leitores numa autêntica quebra da quarta parede.

Na primeira história da nova revista (agora rebatizada como The sensational She-hulk), a heroína vai a um circo treinar. Isso, claro, é uma desculpa para uma maravilhosa página dupla na qual a personagem levanta dois elefantes.

Mas a trama ganha uma reviravolta quando o Mestre do Picadeiro aparece e hipnotiza a personagem. Ele está a serviço de um vilão misterioso, que pretende testar a personagem, mas antes disso resolve ganhar algum dinheiro depenando os expectadores do circo: a Mulher-Hulk levanta a arquibancada e sacode, fazendo com o dinheiro e jóias caiam no chão, sendo imediatamente recolhidos pelo vilão e seus asceclas.

Hipnotizada, a heroina conta a sua história. 


Byrne usa uma estratégia marota para recontar aos leitores a origem da personagem: o Mestre do Picadeiro pede que a heroína hipnotizada conte sua história, de forma que essa recapitulação é feita de maneira natural, sem parecer que a trama paralisou.

Essa história já tinha algums elementos de humor, mas a característica mais revolucionária da série apareceria no final da história, quando a Mulher-Hulk diz: “Um vilão anônimo está disposto a gastar três milhões de dólares pra descobrir do que eu sou capaz... e eu já sei como a coisa funciona por aqui. Só vou entender tudo no final da saga. Agora os leitores... eu tenho certeza de vão descobrir na página seguinte”.

Quebra da quarta parede: a heroina conversa com o leitor. 


A metalinguagem não era algo totalmente novo nos quadrinhos. Grant Morrison já havia feito isso em Homem-animal. Mas Byrne, com sua narrativa e seu desenho simples, mas funcionais, torna o recurso extremamente divertido.

No Brasil essa história foi publicada em Grandes Heróis Marvel 36.

Sem comentários: