O fato de Perry Rhodan ser uma série de histórias em sequência fazia com que cada escritor tivesse que rememorar em cada volume os principais acontecimentos até ali, de forma a situar o leitor ocasional. Além disso, muitos personagems eram reapresentados. Isso geralmente consumia o primeiro terço do volume, ou um pouco menos. Mas, terminado essa apresentação, a maioria das histórias engrenava em tramas bem desenvolvidas e cheias de ação.
Entre os melhores exemplos disso está O homem e o monstro,
volume 44 da série, escrito por K. H. Scheer.
Na história, Perry Rhodan invade o planeta dos moofs com a
nave Titã na tentativa de acessar o esconderijo dos aras e assim conseguir uma
cura para os centenas de tripulantes envenenados no planeta Honur.
Mas a empreitada não é nada fácil. Para começar o planeta tem
uma atmosfera de metano e outras substâncias tóxicas e é devastado por
tempestades terríveis. Além disso, no planeta vivem os moofs, seres com
capacidades telepáticas e outros seres teletransportadores que se revelam
mortais.
Um aspecto constantemente criticado nas histórias de Perry
Rhodan é a presença do exército mutante, que muitas vezes tornava fácil demais
a vitória, já que os inimigos em geral não contavam com esse tipo de recurso.
Mas nesse volume praticamente todos os mutantes estão doentes e mantidos
sedados para evitar os efeitos da hipereuforia.
Como deixa claro o texto: “Pela primeira vez na história da
Terceira Potência, o homem se via indefeso diante de seres dotados de
capacidades supersensoriais”.
Isso, aliado ao texto competente de Scheer, faz com que o
volume seja um dos mais quentes do primeiro ciclo. Scheer era veterano da segunda guerra mundial
e sabia descrever como poucos uma batalha. Mais: sabia como militares falavam.
Um exemplo: “Intensidade doze, quartoze, subiu para vinte. Atenção, estamos
captando o eco de impulsos. Estamos sendo tateados”.
Mas o que mais se destaca no volume é a visão compassiva de
Rhodan. Enquanto todos na Titã defende que ele extermine os moofs, ele
simplesmente se nega, atirando apenas quando é atacado. A revelação final traz
uma grande virada e mostra que Rhodan estava certo.
O volume é uma bela mensagem de tolerância com relação ao
diferente.
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