O número 48 de Perry Rhodan, escrito por Clark Darlton, é um
livro viciante por ser a continuação de uma trama muito bem elaborada, que
fechava o primeiro ciclo.
Nos números anteriores, os aras resolvem acabar com a Terra e
para isso usam os saltadores e superpesados, mas os mutantes conseguem entrar
na nave do único superpesado que sabe a posição de nosso planeta e mudam as
informações do computador.
A ideia era enganar os aras, saltadores e superpesados,
fazendo-os atacar o terceiro planeta do sistema Beta como se fosse a Terra.
O olho vermelho do sistema Beta é focado nas duas naves
terrenas que são envidas para esse sistema com a missão de rechaçar os ataques
dos superpesados, simulando uma defesa terrena. Mas o major Deringhouse está
curioso com o quarto planeta, onde há registro de vida inteligente e resolve
investigar, o que leva à trama do volume e à solução magistral para o conflito
que se avizinha.
É o próprio Deringhouse que batiza o quarto planeta,
chamando-o de Aqua.
O planeta é uma incógnita, pois é quase todo tomado por um mar,
com uma pequena faixa de terra do tamanho da Europa. No entanto, a única
construção que os terrestres encontram é uma construção baixa, com cúpulas, na
beira da água. “É uma coisa singular”, pensa o major. “O planeta só tem esse
continente e a gente supõe que os habitantes teriam que aproveitar cada metro
quadrado. Devia haver lá embaixo um emaranhado de casas e instalações como em
nossas capitais. E o que vemos? Nada, absolutamente nada. Onde estão os
homens?”.
Essa pergunta estabelece o clima de mistério do volume e é a
principal razão pela qual a leitura é interessante no início.
Entretanto, depois, quando os humanos dão de cara com os
tópsidas, a trama pega fogo e ganha uma reviravolta inteligentíssima. Os
tópsidas foram um dos primeiros adversários siderais dos terranos. Seres
reptilianos, eles tentavam invadir o sistema Veja e foram impedidos pelo grupo
de Rhodan, que chegou ao ponto de lhes roubar uma nave.
Ao colocar os tópsidas nesse volume, Scheer, o autor da trama
geral, costura perfeitamente a história, criando uma situação em que estão no
palco todos os principais inimigos dos terranos nesse primeiro ciclo, o que
deixa o leitor ainda mais apreensivo para ler o volume seguinte.
2 comentários:
Na resenha do episódio anterior, GOM NÂO RESPONDE, você comenta como é interessante ver Betty Trouffy sendo retratada como igual aos homens e não uma dama em apuros, como 99% das mulheres em séries, filmes e livros dos anos 60.
Não é um fato do livro em si (que você me incentivou a reler), mas do universo estendido de Perry Rhodan... Sem mostrar spoilers, vale a pena ficar de olho nos topsidas. Acho uma das raças mais estranhamente mal interpretadas da série (e que não vão ter assim tanto destaque no futuro, mas continuarão aparecendo)... Na conquista de Vega, eles eram uma raça maligna, também normal para a epoca, répteis como inimigos de humanos. Mas algo que me deixou bem mais simpático a eles era que, mesmo inimigos e malvados, eles não destruíam simplesmente os inimigos conquistados. Nos mundos de Vega, eles não assassinariam um vegano acusado de matar um topsida sem investigação e julgamento... Algo que mostra que eles não eram vilões tão vilões assim.
E, bem, mais para a frente veremos eles ressurgindo nos próximos ciclos, sempre de forma marginal, mas eles vão evoluir como conceito de raça "inimiga".
Assim como a mulher que não era donzela em apuros, na série os topsidas vão acabar por se tornar um bocado menos padrão no futuro.
Ótimo comentário, Góris. De fato, a série PR foi revolcuionária em muitos sentidos, inclusive na forma de mostrar as mulheres e até mesmo os inimigos.
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