Alguns dos episódios mais interessantes da série clássica de Jornada nas Estrelas são aqueles que ocorrem no passado da Terra. Mas como fazer personagens do futuro viverem situações do passado? A volta no tempo era a estratégia mais óbvia, mas o episódio “O último duelo”, da terceira temporada, trouxe uma solução curiosa.
Na trama, a Enterprise recebe a missão de fazer contato com a civilização melkotiana. No caminho, encontra uma bóia daquela raça avisando que se afastem, mas Kirk ignora o aviso. Quando finalmente uma delegação terrana se teletransporta para o planeta, os melkotianos, temendo tratar-se de uma raça violenta, prendem a equipe numa espécie de realidade virtual que simula a cidade de Tombstone onde ocorreu o célebre duelo do OK Curral, no qual os irmãos Eerps mataram a quadrilha dos Clantons.
Todos na cidade vêem os tripulantes da Entreprise como membros da quadrilha dos Clantons, o que significa que eles serão inevitavelmente mortos ao final do duelo.
Quem brilha nesse episódio é Chekov. Assim que entram num salão uma moça se joga em seus braços, achando que ele é Billy Clanton. A moça beija apaixonadamente o rapaz. Kirk tenta dar uma bronca, no navegador, que responde: “O que posso fazer, Capitão? Sabe que temos que manter boas relações com os nativos.”. E volta a beijar a moça.
Um aspecto interessante do episódio é que, como a essa altura o orçamento da série tinha reduzido consideravelmente, a produção não conseguiu construir uma Tombstone completa. O cenário é nitidamente falso, com uma casinha aqui e outra ali, na maioria das vezes só com a fachada. O roteiro, no entanto, aproveita muito bem isso e o que deveria ser um defeito se torna um trunfo.
Ao final, o que poderia ser uma ode a um dos períodos mais violentos da história norte-americana acaba se tornando uma mensagem de paz, bem ao estilo de Jornada.
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