sexta-feira, janeiro 26, 2024

O fim do Homem-aranha!

 


O Homem-aranha, quando surgiu, era uma série única, que levava ao extremo a máxima Marvel de heróis com problemas reais. Ótimo exemplos disso foi o número 18 da série. Embora o Homem-areia aparecesse na capa, o grande problema enfrentado pelo protagonista era... a saúde debilitada da Tia May!

A edição começa com uma splash page na qual JJ Jameson aparece ocupando metade da página, um sorriso doentio no rosto, enquanto ao fundo, um jornal com a manchete “Homem-aranha covarde, foge apavorado” é rasgado por uma imagem do aracnídeo fugindo do Duende Verde. Isso acontecera na edição anterior e todo o número 18 reflete esse fato.

Até mesmo os heróis estão decepcionados com a aparente covardia do amigão da vizinhança. “Lamentável! Isso acaba espirrando na imagem de todos os heróis uniformizados”, comenta o Homem-de-ferro.

Até mesmo os heróis estão decepcionados. 


Só o Tocha Humana não acredita na covardia do Aranha e deixa até uma mensagem nos céus, marcando um encontro. Mas Peter Parker está ocupado demais para ir em qualquer encontro de heróis. A tia May passou por uma cirurgia e precisa de muito descanso e cuidados. Mesmo na escola, Parker não consegue se concentrar, preocupado com a tia. Se essa preocupação não fosse suficiente, há um fator a mais: o remédio está acabando e ele não tem dinheiro para comprar outro.

O Homem-aranha tenta várias estratégias para conseguir dinheiro. Tenta vender sua imagem para figurinhas, mas é simplesmente ignorado. Quem iria comprar figurinhas de um covarde? Tenta vender para uma empresa a fórmula de seu fluido de cera, mas os empresários desistem quando descobrem que ela perde a aderência depois de algum tempo. Nesse meio tempo, o personagem ainda encontra com o Homem-areia, mas foge enquanto é atacado.

Quem iria querer figurinhas de um covarde? 


A história sintetiza o conceito do herói fracassado que foi tão bem explorado no título.

Nesse meio tempo, duas sequências se destacam. Numa delas, Flash Thompson continua defendendo o Homem-aranha, contra tudo e contra todos. “Ele parece gostar tanto dele quanto odeia você”, diz Liz para Peter Parker. Em outra sequência, o Homem-aranha vê um assalto e liga para a polícia. “Bom, não é um procedimento que o Tocha Humana teria seguido, mas pelo menos fico livre para ir direto ver se Tia May precisa de mim!”.

O mais impressionante é perceber que tudo isso acontece em meras 21 páginas. Steve Ditko era um mestre da narrativa.

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