O Homem-aranha, quando surgiu, era uma série única, que levava ao extremo a máxima Marvel de heróis com problemas reais. Ótimo exemplos disso foi o número 18 da série. Embora o Homem-areia aparecesse na capa, o grande problema enfrentado pelo protagonista era... a saúde debilitada da Tia May!
A edição começa com uma splash page na qual JJ Jameson
aparece ocupando metade da página, um sorriso doentio no rosto, enquanto ao
fundo, um jornal com a manchete “Homem-aranha covarde, foge apavorado” é
rasgado por uma imagem do aracnídeo fugindo do Duende Verde. Isso acontecera na
edição anterior e todo o número 18 reflete esse fato.
Até mesmo os heróis estão decepcionados com a aparente
covardia do amigão da vizinhança. “Lamentável! Isso acaba espirrando na imagem
de todos os heróis uniformizados”, comenta o Homem-de-ferro.
Até mesmo os heróis estão decepcionados. |
Só o Tocha Humana não acredita na covardia do Aranha e deixa
até uma mensagem nos céus, marcando um encontro. Mas Peter Parker está ocupado
demais para ir em qualquer encontro de heróis. A tia May passou por uma
cirurgia e precisa de muito descanso e cuidados. Mesmo na escola, Parker não
consegue se concentrar, preocupado com a tia. Se essa preocupação não fosse
suficiente, há um fator a mais: o remédio está acabando e ele não tem dinheiro
para comprar outro.
O Homem-aranha tenta várias estratégias para conseguir
dinheiro. Tenta vender sua imagem para figurinhas, mas é simplesmente ignorado.
Quem iria comprar figurinhas de um covarde? Tenta vender para uma empresa a fórmula
de seu fluido de cera, mas os empresários desistem quando descobrem que ela
perde a aderência depois de algum tempo. Nesse meio tempo, o personagem ainda
encontra com o Homem-areia, mas foge enquanto é atacado.
Quem iria querer figurinhas de um covarde? |
A história sintetiza o conceito do herói fracassado que foi
tão bem explorado no título.
Nesse meio tempo, duas sequências se destacam. Numa delas,
Flash Thompson continua defendendo o Homem-aranha, contra tudo e contra todos. “Ele
parece gostar tanto dele quanto odeia você”, diz Liz para Peter Parker. Em
outra sequência, o Homem-aranha vê um assalto e liga para a polícia. “Bom, não é
um procedimento que o Tocha Humana teria seguido, mas pelo menos fico livre
para ir direto ver se Tia May precisa de mim!”.
O mais impressionante é perceber que tudo isso acontece em
meras 21 páginas. Steve Ditko era um mestre da narrativa.
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