segunda-feira, fevereiro 26, 2024

Crepúsculo, de Howard Chaykin e José Luís Garcia-López

 


 

Quando foi lançado pela Panini em 2019 o álbum Crepúsculo, escrito por Howard Chaykin e desenhado por José Luís Garcia-López dividiu opiniões. Alguns detestaram, outros amaram.

Na história, a humanidade divide espaço com novas espécies: miscigenados de humanos com animais e robôs. Entre as diversas guerras que se seguem, a mais importante é contra alienígenas que parecem conhecer o segredo da imortalidade. Ao tentar conseguir esse segredo, Tommy Futuro (o vilão da história) acaba transformando a jornalista Karel Sorensen numa deusa e concedendo o dom da imortalidade para toda a humanidade.

O desenho detalhista de Garcia-López é um deleite para os olhos. 


Mas o que seria um paraíso se transforma numa sequência de guerras religiosas, incluindo a perseguição implacável de Tommy, que não se conforma de não ter sido ele o escolhido.

A história foi originalmente publicada em 1990 e representa bem o espírito da época: personagens clássicos sendo reformulados em versões hard core. De fato, Tommy Futuro era um personagem de ficção-científica da DC Comics na era de prata, assim como Rick Purvis, Karel Sorensen, Homer Glint, os Aventureiros da estrelas.

A série traz versões reformuladas de personagens da era de prata da DC,  comos Os Aventureiros das Estrelas e Tommy Futuro.












Chaykin aproveita todo esse background de personagens de uma era ingênua dos quadrinhos para construir uma história pesada, repleta de subtexto sexual, drama e crítica social.

O grande problema é que o que deveria ser complexo acaba sendo muito mais confuso. A narrativa não ajuda. Há muitas sequências longas e desnecessárias (a exemplo das altercações entre Homer Glint e seu gato), eventos mal explicados, personagens cuja motivação não é clara. Parece uma ótima ideia, com uma ambientação realmente incrível, que acaba sendo prejudicada pela narrativa confusa.

Popraganda da DC à época mostrava os personagens nas versões antigas e novas. 


Há um outro problema também, que provavelmente afasta os leitores: embora o miolo seja colorido, a capa é em preto e branco. Embora sejam bastante representativas, elas falam pouco sobre a história e dão a impressão de que o miolo também é em PB.

O desenho de Garcia-Lopez vale cada centavo pago no álbum. 


O álbum vale – e muito – pelo traço impressionante de Garcia-Lopez. As sequências no espaço, com naves e mais naves são um deslumbre para os olhos, o tipo de imagem que você pode passar horas tentando observar todos os detalhes. O desenhista também é um grande narrador visual, o que torna as sequências de ação impressionantes.

A diagramação com quadros que se sobrepõem e personagens que saem do quadro é uma característica de Garcia-López. 


Em tempo: o álbum da Panini carece de textos introdutórios e explicativos, que ajudariam muito a compreensão da história. O leitor não é sequer avisado que a história reformula personagens pouco conhecidos da Era de Prata da DC. 

Sem comentários: