terça-feira, fevereiro 27, 2024

Blueberry - Tempestade no oeste

 



O segundo álbum da série Tenente Blueberry já encontra o personagem em plena guerra. 

O Forte Navajo está cercado por apaches depois que aqui de seus principais líderes foram presos no forte.

Blueberry se oferece para ir até a cidade de Tucson para conseguir remédio para o coronel que comanda o.local na esperança de que ele faça um acordo com os indígenas, já que o homem que assumiu seu posto após a doença parece pensar apenas em ampliar o conflito. 

Mas como sair do forte totalmente cercado? 

Giraud já revelava seu talento único em cenas como essa. 


Aqui temos a genialidade de Charlier, que consegue criar um plano totalmente verossímil e inteligente. 

O personagem embarca numa jornada de perigos que se sucedem interruptamente. A história, nesse sentido, lembra as matinês antigas. Mas se nas matinês as soluções eram forçadas, aqui nós realmente acreditamos que o personagem corre perigo e a forma como ele se livra desses perigos é totalmente lógica dentro da construção do roteiro. Destaque para a sequência na qual o personagem atravessa o deserto, perde o cavalo e tudo leva a crer que ele morrerá de sede. A narrativa é envolvente de forma que nós colocamos no lugar do herói. 

A sequência do deserto é marcante. 

Nesse segundo álbum, Giraud ainda imitava nitidamente Jijé, mas já apresentava muita qualidade. Era muito bom em desenhar cavalos, por exemplo, uma qualidade essencial numa HQ se faroeste. Além disso, ele revelava a capacidade de fazer quadros maiores com muitos personagens, cheias de detalhes a exemplo das cenas de reunião dos índios.

Nessa fase, indígenas e mexicanos ainda eram mostrados como vilões, embora uma visão mais realista e humanitária já estivesse sendo gestada. O grande vilão desses dois primeiros álbuns é um militar que, em seu ódio contra indígenas acaba provocando uma guerra. Fora eles, os outros personagens parecem apenas estar sendo arrastados na direção da tragédia.

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