domingo, fevereiro 18, 2024

Desapego



A idéia de karma é comum a muitas religiões. Segundo ela, o que nos acontece é fruto das nossas ações anteriores. É equivalente à noção da ação e reação da física: a toda ação corresponde uma reação, em sentido contrário. Se chutamos uma parede, sentimos o pé doer. Se fizermos um carinho em alguém, receberemos em troca reações de carinho.
Segundo essas religiões, o universo é governado por uma lei segundo a qual uma pessoa boa terá, como recompensa de suas boas ações, coisas boas (saúde, felicidade, sucesso) e pessoas más terão o oposto, seja nesta ou em outra vida.
Visto por esse prisma, um bom karma pode parecer algo positivo, mas não é. O karma, positivo ou negativo, leva a pessoa a ficar presa a uma roda de reencarnações sucessivas – a sansara – e impede a evolução para estágios mais avançados.
Como solucionar esse problema?
A resposta foi dada por Krishna, que os Hindus consideram ser a mesma alma que depois reencarnaria como Buda e Cristo. Aliás, as semelhanças com a história de Jesus são surpreendentes. Segundo a lenda, Krishna nasceu em um estábulo, sendo filho de uma mãe virgem. Foi perseguido por um rei que, para eliminá-lo, mandou matar todas as crianças, mas salvou-se. Um dia, levado ao templo, deslumbrou os sacerdotes com sua sabedoria.
Para Krishna, a única maneira de nos livrarmos da roda de nascimentos e mortes é dedicarmos nossas ações a Deus. A atitude mental é importante porque se fizermos as coisas sem querer nada em troca, não acumulamos karma.
Como diz Krishna no livro Bhagavad-gita: “Dedica-te à obra exclusivamente, jamais a seus frutos. Tuas ações não devem ser motivadas pelo proveito que possam trazer; não deves tampouco te abandonares à inação. Executa tua obra sem apego ou interesse, permanecendo o mesmo qualquer que seja o resultado, feliz ou adverso”.

Independente de se acreditar ou não nesta ou naquela religião, há de se convir que essa idéia traz em si a semente da felicidade. Se todas as pessoas (principalmente os políticos) executassem suas ações com desapego, sem pensar no proveito próprio, viveríamos muito mais felizes. 

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