terça-feira, fevereiro 20, 2024

Jornada nas Estrelas – Encontro em Farpoint

 


Em 1987 Jornada nas Estrelas comemorava 20 anos da estreia da série original e a Paramount queria aproveitar a data para lançar mais uma série da franquia. A ideia original era fazer uma nova versão da tripulação clássica, mas o produtor e criador Gene Roddenberry queria algo totalmente novo. Surgiu assim a Nova Geração, cujo primeiro episódio foi veiculado pela primeira vez no dia 28 de setembro.

O episódio de estréia chamava-se Encontro em Farpoint (eu me recuso a usar o horrível título português “Encontro em longícua”) e mostrava a tripulação da nova versão da Enterprise indo fiscalizar uma base espacial nas fronteiras do universo conhecido. Mas o povo que construiu essa base parece ter um segredo sinistro escondido.

Essa era a trama básica do episódio, mas a Paramount queria um episódio de duas horas como piloto e a solução encontrada foi acrescentar uma segunda trama, com um personagem super-poderoso chamado Q, que decide julgar os tripulantes da Enterprise pelos erros da humanidade, uma raça bárbara, segundo ele. No começo fica muito óbvio que aquilo não faz parte da trama, sendo um elemento forçado. Afinal, qual o objetivo de Q? E por que julgar apenas os humanos e não outras raças alienígenas? Muitas delas eram notadamente guerreiras, como os klingons. Felizmente, no final, as duas tramas se encontram de forma inteligente, tornando menos forçada a participação de Q.

Essa Nova Geração se destacava pela grande variedade de personagens interessantes e carismáticos. Enquanto a série clássica se fundava especificamente no trio Kirk-Spock-McCoy, fica evidente nesse primeiro episódio que Roddenberry queria uma variedade maior de personagens que poderiam ser explorados em tramas. O tempo mostrou que essa foi uma decisão acertada.

Patrick Stewart ainda era um relativamente desconhecido quando interpretou pela primeira vez o Capitão Jean-Luc Picard, mas logo se tornaria uma lenda. A diferença entre ele e seu predecessor é bem demarcada. Enquanto Kirk era um tipo impulsivo, Picard é alguém que pensa muito antes de cada ação, o que se reflete até mesmo em sua atuação física, como gestos mínimos. Curiosamente, é exatamente essa característica de Picard que faz com que a situação seja resolvida e os humanos consigam se livrar de Q,

Um outro diferencial é que essa versão parece mais próxima da ficção científica hard, distanciando-se do tom leve e divertido da série original.

Embora a Nova Geração tenha demorado algum tempo para encontrar seu espaço, já naquele episódio, escrito por D. C. Fontana e Gene Roddenberry, era possível entrever a grande atração que se transformaria.

Sem comentários: