Em 1987 Jornada nas Estrelas comemorava 20 anos da estreia da série original e a Paramount queria aproveitar a data para lançar mais uma série da franquia. A ideia original era fazer uma nova versão da tripulação clássica, mas o produtor e criador Gene Roddenberry queria algo totalmente novo. Surgiu assim a Nova Geração, cujo primeiro episódio foi veiculado pela primeira vez no dia 28 de setembro.
O episódio de estréia chamava-se Encontro em
Farpoint (eu me recuso a usar o horrível título português “Encontro em
longícua”) e mostrava a tripulação da nova versão da Enterprise indo fiscalizar
uma base espacial nas fronteiras do universo conhecido. Mas o povo que
construiu essa base parece ter um segredo sinistro escondido.
Essa era a trama básica do episódio, mas a
Paramount queria um episódio de duas horas como piloto e a solução encontrada
foi acrescentar uma segunda trama, com um personagem super-poderoso chamado Q, que
decide julgar os tripulantes da Enterprise pelos erros da humanidade, uma raça
bárbara, segundo ele. No começo fica muito óbvio que aquilo não faz parte da
trama, sendo um elemento forçado. Afinal, qual o objetivo de Q? E por que
julgar apenas os humanos e não outras raças alienígenas? Muitas delas eram
notadamente guerreiras, como os klingons. Felizmente, no final, as duas tramas
se encontram de forma inteligente, tornando menos forçada a participação de Q.
Essa Nova Geração se destacava pela grande
variedade de personagens interessantes e carismáticos. Enquanto a série
clássica se fundava especificamente no trio Kirk-Spock-McCoy, fica evidente
nesse primeiro episódio que Roddenberry queria uma variedade maior de
personagens que poderiam ser explorados em tramas. O tempo mostrou que essa foi
uma decisão acertada.
Patrick Stewart ainda era um relativamente
desconhecido quando interpretou pela primeira vez o Capitão Jean-Luc Picard,
mas logo se tornaria uma lenda. A diferença entre ele e seu predecessor é bem
demarcada. Enquanto Kirk era um tipo impulsivo, Picard é alguém que pensa muito
antes de cada ação, o que se reflete até mesmo em sua atuação física, como
gestos mínimos. Curiosamente, é exatamente essa característica de Picard que
faz com que a situação seja resolvida e os humanos consigam se livrar de Q,
Um outro diferencial é que essa versão parece
mais próxima da ficção científica hard, distanciando-se do tom leve e divertido
da série original.
Embora a Nova Geração tenha demorado algum
tempo para encontrar seu espaço, já naquele episódio, escrito por D. C. Fontana
e Gene Roddenberry, era possível entrever a grande atração que se
transformaria.
Sem comentários:
Enviar um comentário