sexta-feira, março 29, 2024

Cavaleiro da Lua - O retalhador

 


No início da década de 80, o Cavaleiro da Lua era um dos títulos mais quentes da Marvel. Mérito da dupla Doug Moench (roteiro) e Bill Sienkiewicz (desenhos). Exemplo dessa qualidade já era visível no segundo número, com a história O retalhador (tradução da Paninin).

A primeira página já dava uma boa amostra do que viria. Mostrava o protagonista e uma personagem secundária, a garçonete Gena, sob a ameaça de uma foice empunhada em primeiro plano, numa cena de grande impacto. O texto, pungente, seguia o mesmo nível do desenho: “Sangue. Há sangue. Sangue no coração, nas veias e na carne. Sangue quente afluindo vermelho, dando vida. Há sangue. Sangue na cidade, nas ruas e nos becos. Sangue frio, escoando escarlate, deixando morte”.

A RGE trazudiu o título como O Cortador. 


A trama sobre um seril killer que assassinava mendigos era uma desculpa perfeita para Moench abordar temas sociais, como a invisibilidade social. À certa altura, por exemplo, um policial diz: “Até Jack, o estripador, teve mais atenção que o retalhador, e o safado só matava prostitutas... mendigos tão num nível ainda mais baixo. Ninguém liga para mendigos. Se ligassem, eles não seriam mendigos”.

A história toda vai muito além de um relato de super-herói, sendo emocionamente, especialmente quando descobrimos que Crawley, o mendigo amigo do taxista Jacke Lockley (uma das identidades do Cavaleiro) tem relação direta com o assassino.

Doug Moench usou a história para discutir temas socias. 


É também um capítulo em que se forma a equipe que iria ajudar o herói, dando ao título uma cara de pulp fiction. Além do piloto francês e do mendigo, entram na equipe a garçonete Gena e seus filhos.

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