Em todos esses anos escrevendo resenhas, há um único filme em que me lembro de ter gargalhado já na primeira cena: Como se tornar um conquistador, obra de 2017, dirigida por Ken Marino e disponível aqui pela Netflix.
Na cena em questão, o pai do protagonista
Maximo está voltando para casa. Mas está tão cansado que acaba dormindo ao
volante e atravessando a casa com seu caminhão, sob o olhar atônito da esposa e
dos filhos.
- Eu estou bem! – avisa ele, antes do
caminhão explodir.
Mais tarde, quando a família está dormindo
no carro (já que não existe mais nada da casa), Máximo mostra para a irmã a
capa de uma revista com um homem rico e sua esposa e diz que esse é o futuro
que deseja para si.
- Mas esse homem deve ter trabalhado muito
para conseguir tudo isso.
- Você não entendeu. Eu não quero o
trabalho dele, eu quero o trabalho dela!
A cena pula para anos depois. Máximo é um
homem bonito, musculoso, que arranca suspiros de todas as mulheres numa
piscina. Com um lance repleto de sensualidade, ele mergulha na piscina e sai na
frente de uma idosa que é a mulher mais rica do local.
Temos um novo corte e agora Máximo é o
esposo da milionária e uma rotina de hedonismo. Ele não faz absolutamente nada
e vive apenas para curtir a vida e ganhar presentes, como relógios e carros de
luxo. Mas essa rotina é quebrada quando a esposa arranja um novo esposo, mais
jovem.
É aqui que começa a história. Sem ter mais
dinheiro e sem ter para onde ir, ele é obrigado a procurar a irmã, que vive
sozinha com seu filho depois da morte do marido.
Apesar do estranhamento inicial, a relação
entre eles vai se estreitando, especialmente de Máximo com Hugo, o garoto brilhantemente
interpretado por Raphael Alejandro. O tio descobre que o sobrinho é apaixonado
pela neta de uma mulher rica e vê nisso uma oportunidade de reconquistar a vida
de luxo. Para isso ele precisa treinar o garoto para se tornar um conquistador.
No processo, os dois acabam estabelecendo uma relação afetuosa.
Ken Marino transforma essa premissa em uma
comédia escrachada misturada com drama e sensibilidade. E faz isso sem recorrer
a moralismos. Vale também destacar o elenco principal, majoritariamente latino,
algo raro em Hollywood em 2017.
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