Entre as muitas possibilidades da ficção científica está a de poder imaginar sociedades do futuro, cuja estrutura é diferente da conhecida por nós. Foi isso que fez Clark Darlton no volume 81 da série Perry Rhodan.
Esse
livro é praticamente um conto isolado, em que o único personagem da série que
aparece é Gucky, e só no final – o que leva a crer que essa era uma história
que Darlton tinha bolado como um livro isolado e acabou encaixando na saga.
A
história se passa em uma nave imensa, de um quilômetro e meio, construída aos
moldes arcônidas, ou seja, no formato esférico. Ela percorre lentamente o
espaço na direção de um destino desconhecido pelo seus tripulantes. A narração
de Darlton, que abre o livro, é tanto sintética quanto poética: “A gigantesca
esfera metálica vagava pela imensidão infinita do Universo. (...) Se mantivesse
a velocidade atual, a esfera só chegaria ao destino dentro de algumas dezenas
de milênios”.
A capa alemã. |
Cada
pessoa da tripulação é morta a partir de uma certa idade quando seu corpo é
jogado em um reator, ajudando a criar energia para a nave. Sua função é
substituída por uma pessoa mais nova. Homens e mulheres são mantidos separados
e se encontram apenas em ocasiões especiais, com o único objetivo de procriação.
As
ordens para o assassinato de quem chegou à idade certa são executadas por robôs,
chamados de vigias.
Quem
conhece o filme e o seriado Logan´s run, conhecido no Brasil como Fuga do século
XXIII, vai com certeza perceber que os enredos são muito parecidos. Ambos descrevem
uma distopia sobre pessoas vivendo em um ambiente fechado e sendo mortas como
forma de controle populacional. E em ambas o inimigo, que implantou tal distopia,
é um robô.
Ocorre
que A nave dos antepassados foi lançado em 1963. O livro Logan´s run, que deu
origem ao filme e ao seriado, foi lançado só em 1967, quatro anos depois.
Esse
volume é um daqueles exemplos de como a série Perry Rhodan antecipou muitos dos
conceitos da ficção científica, que só seriam explorados anos depois pela indústria
cultural norte-americana.
Em tempo: ao
final do volume a situação se resolve, principalmente graças à intervenção de
Gucky (Darlton adorava o personagem) com direito inclusive a um plot twist.
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