Jack Kirby era uma metralhadora de ideias. Quando foi para DC, criou uma infinidade de personagens que se tornariam parte essencial do cânone da editora. Entre esses muitos personagens estava o Senhor Milagre, uma homenagem de Kirby ao amigo Jim Steranko, que costumava fazer números de fuga.
A capa do número de estreia é uma das mais emblemáticas e impactantes das muitas que Kirby fez para a DC. Com uma perspectiva distorcida e exagerada, vemos o herói preso num foguete. Lá embaixo um mafioso diz: “Adeus, Mister Milagre! Você perdeu a aposta e a vida!”. Já o herói diz que os seus inimigos pensam que armadilha é inescapável, mas terão uma surpresa, enquanto sua figura avançar na direção do leitor. O efeito é impressionante.
Scott Free aparece na hora certa. |
O que vemos a seguir é Oberon prendendo o Senhor Milagre com correntes, colocando-o numa caixa de madeira e botando fogo. Quando um jovem interfere para salvar o herói é que descobrimos que aquele que está sendo preso não é Scott Free, mas Thaddeus, um velho escapista.
Esse começo é uma boa sacada de Kirby, que surpreende o leitor. O problema é que tudo depois disso é forçado.
O vilão tem mãos de aço e uma aposta que não quer perder. |
Scott Free, um meste das fugas, chega na hora exata para salvar o velho escapista de um ataque da Intergangue. Depois é a pessoa certa para substitui-lo. Talvez funcionasse se fosse melhor desenvolvido, mas da forma como foi feito só funciona se o leitor aceitar um monte de coincidências.
Como escapar da grande armadilha? |
Há outros problemas, como os diálogos. Em certos pontos, Scott chega a antecipar a fala de Oberon, indicando até mesmo o valor a aposta que deu origem à história: “Acho que sei o resto... estipularam um valor, algo como dez mil dólares... e fecharam negócio!”.
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