segunda-feira, abril 22, 2024

Turma da Mônica – Romeu e Julieta


Se há uma história em quadrinhos que marcou uma geração de leitores brasileiros é da versão do estúdio Maurício de Sousa para a peça de Shakespeare Romeu e Julieta. Ela foi publicada em 1978 em uma edição especial eu li provavelmente naquele ano.

Anos depois a história foi republicada pela editora Globo e, por alguma razão, deixei passar nas bancas, mas consegui em um sebo.

Há dois aspectos que chamam a atenção ainda hoje.

A desenhista da história demonstra um incrível domínio da narrativa. 


Um deles é a qualidade dos textos de autoria de Yara Maura Silva e Marcio Roberto Araujo de Sousa, muitos dos quais rimados, a exemplo desse, dito primeiro pela Magali (que aqui vira Ama Gali) e depois pela Julieta Monicapuleto: “Eu sei que proibido, mas não resisto, não! Eu sei que é perigoso, mas o fruto proibido é que é muito mais gostoso”.

Deu para perceber também que os trocadilhos nos nomes dos personagens são outra atração a parte. À certa altura, Julieta demosnstra preocupação com o seu Romeu Cê. “Quem é o Romeu Cê?”, indaga a Ama Gali. “É o Romeu Cebolinha depois de perder sua última bolinha (de gude)”.

Até mesmo portais se transformavam em molduras para os quadros. 


Mas o que realmente chama a atenção na história é o desenho de Emy Yamauchi Acosta. Nada dos desenhos chapados que acostumos a ver na turma da Mônica. A desenhista varia ângulos, planos, além de dar movimento e expressividade para os personagens.

A história não usa requadros convencionais. Ou eles simplesmente não existem, ou apresentam formatos inusitados, como nuvens ou corações. Em outros casos, o requadro é formado por uma moldura composta de lanços ou de um portal. Esse esmero na composição torna cada página uma verdadeira obra de arte.

O desenho variava planos e ângulos. 


Pelo que sei, saiu também uma edição em capa dura dessa história.

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