O mais novo sucesso da Netlix é perturbador. Escrita e criada pelo comediante escocês Richard Gadd, a série Bebê Rena conta a história de como ele foi perseguido por uma stalker durante cinco anos.
Na época, Gadd ainda tentava chegar ao
sucesso, mas enquanto isso, trabalhava em pub. Um dia uma mulher chamada Martha
entra no local e parece entristecida. Para ampará-la, ele lhe oferece uma
xícara de chá. A partir daí, Martha desenvolve uma verdadeira obsessão por ele,
não só comparecendo ao seu trabalho e aos seus shows, como mandando milhares de
e-mails.
Quando o comediante percebe que as coisas
estão indo longe demais e tenta dar um fim ao episódio, tudo piora ainda mais,
com Martha perseguindo-o até em casa, agredindo sua ex-namorada e namorada
atual e até mesmo ligando para os pais do comediante “informando” que ele se
acidentou e está internado em um hospital. A vida do personagem se torna um
inferno.
O seriado se destaca não só pela história
perturbadora, mas também por ser uma espécie de terapia na qual o autor se
desnuda diante do expectador, revelando seus segredos mais íntimos, como o fato
de ter sido estuprado por um roteirista e produtor ou o fato de ele mesmo ter
se tornado tão obcecado por Martha a ponto de ter se masturbado pensando nela.
Talvez seja esse o aspecto mais chocante da minissérie: perceber qua a vítima
de perseguição ou de um abusador muitas vezes pode se tornar dependente de seu
algoz.
Igualmente perturbador é perceber o quanto
a polícia, ao ser acionada, mostra-se totalmente inoperante, mesmo se tratando
de uma perseguidora serial, que já havia sido presa antes.
À certa altura, os policiais chegam a
sugerir que Martha seria a vítima da história, o que mostra que a sociedade
ainda não parece estar preparada para lidar com casos como esse, de um homem sendo
perseguido por uma mulher. Aliás, com o sucesso do seriado, jornalistas
britânicos teriam descoberto a suposta Martha e, na versão dela, ela era a
vítima. Contrariando a sua própria versão, ela passou a perseguir e mandar
mensagens intimidadoras para o jornalista que entrevistou. Chegou até mesmo a
espalhar a notícia falsa de que ele teria abusado de colegas de redação.
Embora a história de Bebê Rena pareça um
conto bizarro e estranho, situações como essa são mais comuns do que se pensa,
ainda mais em nossa época de redes sociais, em que qualquer um pode ter contato
com qualquer pessoa a qualquer momento. Eu mesmo já vivi uma situação parecida
com um indivíduo que me perseguiu virtualmente por quase dois anos e chegou a
tentar descobrir onde eu trabalhava e onde meus filhos estudavam. Felizmente,
não morava na mesma cidade que eu e um processo resolveu tudo.
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