terça-feira, junho 11, 2024

Perry Rhodan – As cavernas do sono

 

As cavernas do sono é a segunda participação de William Voltz na série Perry Rhodan. O volume se insere na história da série regular, mas não muito, sendo quase como um conto isolado, o que mostra que àquela época, os coordenadores da saga não tinham tanta confiança em Voltz.

A trama gira em torno de uma empresa que promete manter pessoas em um sono profundo por dezenas e até centenas de anos. Aparentemente é uma empresa de utilidade pública, que pretende ajudar pessoas em situação de desesperança, mas há algo que gera desconfiança, afinal os valores pagos são muito baixos para que o serviço seja lucrativo.

Voltz inova ao começar sua narração em um personagem aleatório, Maurice Dunbee, um homem que não conseguiu crescer dentro da empresa que trabalha e se sente um fracassado, de forma que pretende colocar-se no sono por 150 anos. O livro começa com Dunbee fugindo, depois de ter descoberto uma verdade terrível a respeito da Companhia Intertemporal do Sono – CSI. A perseguição é entremeada por flash backs que contam tudo que o leitor precisa saber sobre a CSI ao mesmo tempo em que aprofunda as razões do personagem para querer dormir.



No segundo capítulo, a esposa de Bunbee vai procurar um detetive particular para salvar o marido. Ela está convencida de que algo aconteceu com ele e quer que descubram o que há por trás da CSI. Aqui Voltz muda o foco da ação para uma narrativa noir, a começar pelas descrições detalhadas, que ajudam a criar o clima certo para a história e, mais especificamente para o escritório do detetive: “A falta de gosto do interior do escritório excedia em muito a da escadaria. Três homens e duas mulheres estavam sentados atrás de mesas que imitavam o formato de um rim. Tapetes vermelhos com desenhos horríveis estavam pendurados nas paredes”.

Mais à frente, quando, quando o excêntrico detetive Richard Kennof vai buscar a ajuda de uma antiga amiga do Serviço de Segurança Solar, temos, além das descrições detalhadas que servem apenas para ambientar o leitor, também os diálogos cíninos, típicos do noir:

- Que sentimento lhe inspira a ideia de ser minha noiva, Célia?

- Tendências suicidas.

Quando Voltz explica a razão pela qual Kennof largou o serviço de segurança solar para se tornar um detetive particular, percebemos sua verve pacifista: Kennof não gostava do ambiente militar e não gostava de receber ordens. Em uma série essencialmente militarista, como Perry Rhodan,isso deveria provocar desconfiança. Essa pode ter sido uma das razões pelas quais Voltz não recebia nesse primeiro momento histórias importantes, que interferissem na trama principal.

Embora não seja tão bom quanto o primeiro escrito por Voltz, O pavor, As cavernas do sono é um livro que prende o leitor pela ação e pelo suspense initerrupto.

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