quinta-feira, junho 27, 2024

Perry Rhodan – A grande hora de Gucky


Um dos aspectos que fazem do volume 89 da série Perry Rhodan uma leitura interessante é a abertura, com uma discussão entre Rhodan e Bell a respeito de um artigo do New World Press, o principal jornal do mundo, criticando a atuação do governo na guerra contra os druufs. Embora o artigo seja injusto em muitos pontos, o administrador do Império Solar o defende com o argumento da liberdade de imprensa. Como a maioria dos volumes é focada nas aventuras espaciais, é interessante observar um pouco de como é o cotidiano e a política da Terra no futuro da série.

Apesar do tom ser militarista, descobrimos que no planeta não só há liberdade de imprensa, como há um congresso internacional, que inclusive periga tirar Rhodan do cargo.

Como sempre, há problemas. Uma das razões pelas quais Rhodan acaba sendo mantido no cargo é que toda a bancada africana perde seus mandatos em um processo sumário devido à corrupção. Primeiro que um processo sumário já soa estranho em uma democracia. Além disso, por que justamente a bancada africana? Isso revelaria a visão dos alemães da época sobre esse continente?

A capa alemã. 


Na história, os saltadores resolveram ficar no sistema solar depois de ajudarem a frota terrana a derrotarem os druufs – e só pretendem sair depois de um acordo que lhes dê total monopólio das transações comerciais. A eles se junta Thomas Cardif, filho de Rhodan, cujo ódio do pai faz com que ele se torne um traidor da Terra. Cardif, aliás, pretende depor o pai, para se tornar ele administrador do Império Solar, o que acrescenta uma drama familiar à trama maior.

Thomas Cardif, aliás, parece ser o personagem predileto de Kurt Brand, o autor do volume, uma vez que o personagem aparece em todos os livros escritos por ele nesse ciclo. Esse, aliás, é o primeiro livro de Brand que não senti ímpetos de largar pela metade, talvez pela presença de Gucky, que dá um ar mais leve e divertido ao volume. Aparentemente, Brand é um bom escritor, mas tinha problemas no início no desenvolvimento das tramas, além de ter escolhido como personagem predileto alguém que não tem o menor carisma. E não é pelo fato ser um vilão, afinal, temos muitos vilões carismáticos na cultura pop, a exemplo do Coringa e de Thanos.

Apesar de alguns problemas, esse é um livro cuja solução final surpreende e nos faz ficar ansiosos por ler o volume seguinte, que aliás, também é escrito por Brand.

Em tempo: a capa desse volume é daqueles caso em que o capista norte-americano, Gray Morrow, não se preocupou minimamente em seguir a trama. Ele coloca um astronauta com uma arma em primeiro plano, um homem em segundo plano, um astro e... um homem-gato, um personagem que simplesmente não aparece na história! 

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