Lançado em 1982, Conan, o bárbaro foi um arrasa quarteirão que lançou a carreira de Arnold Schwarzenegger como astro de cinema (antes disso ele tinha participado de um documentário sobre fisioculturismo e participado de um versão totalmente esquecível de Hércules).
Um dos argumentos usados por produtores de cinema para não dar papéis de importância para o ator era o forte sotaque austríaco do mesmo. O roteirista Oliver Stone (sim, o mesmo Oliver Stone que depois faria Platoon), resolveu o problema colocando um mínimo de diálogos para ele. Assim, o que deveria ser um defeito tornou-se uma das principais qualidades do filme. Aqui vemos um Conan soturno, que fala pouco e age muito, um homem de ação.
O diretor John Milius aproveita isso para criar uma ambientação ideal para o filme, com longas sequências sem diálogos, ancoradas totalmente na ótima trilha sonora de Basil Poledouris. Hoje em dia é difícil imaginar um filme com sequências tão longas sem diálogos possa ter feito sucesso, mas ao que parece era exatamente isso que o cimério precisava naquele momento.
Embora o roteiro modifique alguns fatos sobre o Conan que conhecemos dos quadrinhos e dos livros, as mudanças se justificam, pois dão unidade à história.
Assim, o pequeno Conan vê o líder de uma seita invadir sua aldeia, matar todos os adultos e fazer todas as crianças como escravas. A cena em que o vilão mata a mãe do protagonista é particularmente impactante, apesar de não ser explícita: toda ela é centrada no garoto, que segura a mão da progenitora. Então vemos a cabeça da mãe caindo rapidamente e o corpo desabando.
Esse início já dá o tom violento da história, o que certamente deve ter sido um alívio para os fãs do personagem (em filmes posteriores, a violência é amenizada e o tom é quase infantil, o que certamente contribuiu para o fracasso dos mesmos).
O garoto é levado para um local onde é aprisionado a uma roda provavelmente de um moinho, que deve ser girada continuamente. Vários outros garotos são presos com ele, mas, a cada corte, há menos garotos, até que sobra só ele. É uma maneira muito eficiente de mostrar o crescimento do personagem, assim como sua evolução física – e sua firme de resolução de sobreviver.
Quando ele finalmente consegue a liberdade, seu único objetivo é a vingança. Para isso ele se junta a dois ladrões (a mulher é Valéria, uma personagem que aprece tanto na literatura quanto nos quadrinhos). Uma vingança que inclui entrar numa torre e roubar uma jóia no melhor estilo das histórias de Conan.
O filme gira todo em torno da citação inicial, de Nietzsche , “O que não me mata me torna mais forte”. Hoje, visto em restrospecto, Conan, o bárbaro parece refletir a história do próprio Arnold Schwarzenegger, que teve uma educação extremamente rigorosa e até violenta, em que ele e o irmão eram estimulados a competir até mesmo a respeito de quem coletava as melhores flores no dia das mães. O irmão não aguentou a pressão e acabou morrendo numa acidente de carro enquanto dirigia bêbado. Para Arnold Schwarzenegger, a mesma educação castradora foi um estímulo para se tornar um astro do fisioculturismo e sair do julgo paterno, numa jornada que o transformaria num dos maiores astros de Hollywood. É possível que o jovem ator se visse na figura de Conan, alguém que ao invés de se deixar abater pelas adversidades as usava para se tornar mais forte.
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