Quando Frank Miller saiu do título do Demolidor, a Marvel precisava de alguém que o substituísse à altura. Para os roteiros chamaram Denny O´Neil, que tinha sido o tutor de Miller, ensinando a ele muita coisa sobre narrativa. Para desenhar, chamaram David Mazzucchelli, que logo se revelou um dos melhores desenhistas de quadrinhos de todos os tempos.
Essa dupla afinada, embora não tenha conseguido igualar a qualidade da fase Miller, fez algumas histórias inspiradas.
Exemplo disso é a trama de Visões roubadas, publicada em Daredevil 216 e 217.
A história começa com o vilão Celta fugindo da prisão. O personagem fazia parte do IRA, traíra o movimento e tentara matar Glorianna O'breen (namorada de Matt Murdock à época), mas fora impedido e preso pelo Demolidor.
Para escapar da prisão, Celta coloca a cabeça numa máquina na lavanderia, e foge quando está no hospital. Embora consiga fugir, seu rosto fica arruinado. O´neil assim, cria um vilão no melhor estilo pulp, enlouquecido, com rosto desfigurado, uma imagem ainda mais impactante pelo desenho de Mazzucchelli.
A splash page faz uma referência direta à origem do Demolidor |
Mas, enquanto o Demolidor procura Glori para impedir que ela seja morta pelo vilão, um novo perigo surge: o Cossaco. A grande sacada é a habilidade do mesmo: cegar as pessoas. Considerando-se que o Demolidor é um herói cego, é uma situação irônica, que é muito bem usada pelo roteiro. Em determinado ponto, por exemplo, o vilão acha que o demolidor está... cego!
Aliás, a splash page que abre a edição 271 é perfeita. Um garoto avança cego pela rua em primeiro plano, prestes a ser atropelado por um carro enquanto um policial tenta salvá-lo. Se lembrarmos que o demolidor ganhou seus poderes e, ao mesmo tempo, ficou cego em um acidente de trânsito, a cena é extremamente simbólica.
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