sábado, agosto 24, 2024

Príncipe Caspian

 


O primeiro parágrafo de príncipe Caspian, quarto volume da série crônicas de Nárnia, dá o tom da história: “Era uma vez quatro crianças – Pedro, Suzana, Edmundo e Lúcia – que se meteram numa aventura extraordinária, já contada no livro O leão, a feiticeira e o guarda-roupa. Abriram a porta de um guarda-roupa encantado, viram-se num mundo totalmente diferente do nosso, e nesse mundo, um país chamado Nárnia, tornaram-se reis e rainhas. Durante a permanência deles em Nárnia acharam que tinham reinado anos e anos; mas, ao regressarem pela porta do guarda-roupa à Inglaterra, parecia que a aventura não tinha levado tempo algum”.

Na trama, as crianças são transportadas de volta a Nárnia centenas de anos após a primeira viagem.

O castelo onde viviam agora está em ruínas e as criaturas mágicas são perseguidas pelos novos governantes locais: humanos vindos de outro país. Caspian é descendente direto do primeiro rei dessa nova linhagem, mas é fascinado pela antiga Nárnia e suas histórias. Quando seu tio tem um filho, ele é obrigado a fugir e se internar na floresta para não ser morto. Acaba sendo ajudado por dois anões e um texugo, que enxergam nele a possibilidade de um retorno aos velhos tempos.

Mas o rei está disposto a destruir o exército de seres encantados e a única saída é tocar a trompa dada de presente a Susana no primeiro livro - o que traz as crianças de volta à Nárnia.

O livro é escrito num estilo deliciosamente infantil, mas por traz da aparência ingênua há discussões filosóficas profundas. A trama, por exemplo, reflete duas visões de mundo. De um lado, a visão estreita, utilitária e autoritário do mundo e do outro uma visão guiada pela imaginação e pela curiosidade.

Os mais velhos estão associados ao primeiro tipo e as crianças aos segundo. Enquanto a maioria dos adultos, em especial aqueles que haviam ocupado cargos de poder, não aceita um novo mundo, crianças e jovens na maioria aderem alegremente a Aslan. Há trechos que refletem diretamente a fala de jesus sobre ser como crianças para entrar no reino do céu - indício direto da visão de mundo verdadeiramente cristã de C S Lewis. Essa visão juvenil também está associada a proteção da natureza: enquanto os mais velhos derrubam as árvores, secam as fontes, os mais jovens, exemplificados por Caspian, estão em íntima ligação com a floresta.

Ser cristão, para Lewis, está associado a manter a visão juvenil de maravilhamento com o novo e com a natureza. Essa percepção permeia toda a obra.

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