sábado, setembro 21, 2024

Jornada nas estrelas – a marca de Gideon

 


A marca de Gideon, episódio da terceira temporada escrito por George F. Slavin Stanley Adams, é um daqueles momentos da série clássica de Jornada que prometem muito, e entregam muito pouco.

Na trama, um planeta chamado Gideon pretende entrar na federação, mas são um povo arredio, que não aceita missões diplomáticas. Eles aceitam receber apenas o Capitão Kirk para discutir os termos do acordo. Mas quando Kirk é transportado, acaba se vendo numa entreprise totalmente vazia, apenas com uma garota estranha, que parece ser uma das habitantes de Gideon. Além disso, ele tem um ferimento no braço que indica que aconteceu algo do qual não se lembra.  

Enquanto isso, Spock é informado que Kirk não chegou ao planeta e inicia uma jornada para descobrir o que aconteceu com o capitão.

Como se vê, é um plot instigante, que reúne as características dos melhores episódios da série clássica.

O grande problema ocorre quando surge a explicação sobre o que realmente está acontecendo (a partir daqui, teremos spoiller, então leia por conta e risco).

Gideon era um planeta paradisíaco, em que não existiam doenças. O resultado disso foi uma superpopulação (algo representado por pessoas com roupas iguais, aparecendo apenas o rosto, amontoadas, algo que vemos em várias cenas). Assim, seu governante decide sequestrar Kirk para coletar seu sangue, uma vez que Kirk tivera uma doença extremamente mortal. A ideia é espalhar essa doença entre a população.

O roteiro parece uma peneira de tantos furos.

Para começar, como Kirk é informado, eles não usam métodos contraceptivos porque têm um grande amor à vida. Mas que tipo de amor à vida é esse que os leva a espalhar uma doença mortal entre a população? Além disso, Gideon parece um planeta tecnologicamente evoluído. Por que não colonizar outros mundos, mandando para lá o excesso da população? Outra coisa: seria impossível alimentar a população num mundo tão populoso a ponto das pessoas viverem eternamente numa multidão, de modo que inevitavelmente as pessoas morreriam e a população acabaria equilibrada.

Mas, espere, tem mais. Como disse, o roteiro tem mais furos que uma peneira.

Se o planeta é tão populoso a ponto das pessoas viveram amontoadas umas às outras, para que construir uma enorme réplica da Enterprise, num enorme espaço livre (ainda mais considerando que essa réplica tinha o único objetivo de enganar Kirk, algo totalmente dispensável para o plano)? Além disso, quando aparece a sala do governante, ela é espaçosa. Como a própria filha do governante diz que vivia amontoada entre muitas pessoas, uma sala espaçosa para o que quer que seja não faz o menor sentido num planeta tão populoso a ponto das pessoas viverem amontoadas. 

Mas, espere, ainda tem mais.

Aparententemente Kirk já estava curado da doença, então o que ele tinha em seu sangue não era o vírus, mas os anticorpos. Depois a garota encontrada por Kirk e infectada com a doença é curada e diz que agora ela pode ser o vetor, o que parece indicar que os roteiristas de fato confundiram vírus com anticorpos.

Para piorar, o episódio sequer é divertido como O cérebro de Spock. É apenas ruim.

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