Camelot 3000 foi uma
obra marcante para a DC. Primeiro porque inaugurou o conceito de maxisérie, que
depois viria a ser usado em quadrinhos como Watchmen. Segundo porque foi a
primeira publicação da DC voltada exclusivamente para o mercado direto, as
lojas de quadrinhos, o que a deixava fora da censura do comics code. “Tendo
adicionado um cavaleiro transexual, lesbianismo, incesto e vários outros
elementos que desobeciam o código, eu sentia que tinha levado as coisas tão
longe quanto elas poderiam ir à época”, conta Mike W. Barr, o roteirista.
Além disso, a arte de
Brian Bolland dava uma característica visual única à HQ. Sua mistura de
futurismo e Idade Média foi fundamental para que a série fosse um sucesso.
Essas características de inovação já apareciam no primeiro número (embora
nessas primeiras histórias a arte-final estivesse a cargo de Bruce Patterson,
que combinava pouco com o traço detalhista de Bolland).
A série apresentava violência explícita.
Na história, um garoto,
Tom, está fugindo da Inglaterra ocupada por alienígenas na tentativa de chegar
à França. O carro onde eles está é atingido por um raio e os pais de Tom
morrem. Ele se refugia em uma escavação histórica, mas mesmo assim é
perseguido. Ao tentar passar por um corredor ele levanta a tampa de um caixão
de onde sai ninguém menos que o Rei Arthur, em uma splah page impressionante
que destacava toda a altivez do herói.
Já nessa primeira
sequência percebemos como o fato de não estar sujeita ao comics code tornava
essa história diferente das outras. A violência aqui não é simulada, mas real e
mostrada em detalhes: Arthur usa uma espécie de espada para simplesmente rachar
a cabeça de um dos extraterrestres e atravessar o peito de outro – imagens
mostradas com realismo por Bolland.
A primeira aparição de Arthur é impressionante...
Usando a nave dos
alienígenas, Arthur e Tom vão para Stonehenge, onde libertam Merlin, mais uma
vez em uma splash page impressionate com o personagem, monstruosamente grande,
emergindo da terra.
Essa história ainda
apresenta textos em excesso, como admitido pelo próprio roteirista: “Quando
comecei, eu ainda era da turma do ‘texto em excesso’, um escritor que
frequentemente achava que era necessário duplicar em uma legenda descritiva a
informação dada ao artista, mas rapidamente percebi que a arte fornecida por
alguém do calibre de Brian Bolland não precisava dessas muletas narrativas”.
... assim como a primeira aparição de Merlin.
Mesmo com esse problema
e com a arte-final ainda não adequada, é um começo de fôlego, que deve ter
empolgado os leitores americanos e certamente empolgou os leitores das revistas
da editora Abril, como Batman e Superamigos.
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