domingo, outubro 06, 2024

O dólar furado

 


Não há como falar em faroeste espaguete sem falar em O dólar furado, filme de Giorgio Ferroni estrelado por Giuliano Gemma, lançado em 1965 (mesmo ano de Por uns dólares a mais, de Sérgio Leone).

O filme já nos prende desde a abertura, com uma animação com a trilha sonora genial de Gianni Ferrio. Os créditos vão passando enquanto pistoleiros duelam e portas de sallon se abrem e fecham, em perfeita sintonia com a música. Sério, se a abertura não te conquistar, nada mais irá fazê-lo.

A trama ocorre pouco depois da Guerra Civil Americana e é focada em um ex-soldado sulista, Gary O'Hara, cujo irmão resolve ir para o oeste tentar a sorte, já que a perspectivas no sul não são das melhores. Os irmãos combinam de se encontrarem tempos depois, em uma cidade na fronteira do oeste chamada Yellowstone.

Chegando em Yellowstone, Gary descobre que o preconceito contra sulistas é imenso em decorrência de um grupo de bandidos que pratica seus assaltos com uniforme do exército confederado. Apenas o homem mais rico da cidade, McCoy, o contrata para um serviço. Ele deve entrar no sallon desarmado e dar voz de prisão para um suposto bandido chamado Black Jack. No meio dos acontecimentos, ao olhar, no espelho, o protagonista descobre que Black Jack é ninguém menos que o seu irmão, Phill. Mas é tarde demais: Phil vira-se e atira nele e os homens de McCoy o matam alegando estarem defendendo um homem desarmado.

Os dois corpos são entregues a um casal de sulistas para que os enterrem em algum lugar, mas os mesmos descobrem que Gary sobreviveu graças a uma moeda de um dólar que parou a bala  - é o dólar furado do filme e um amuleto do herói.

Agora Gary O´Hara está de volta para se vingar do homem que provocou a morte do irmão. Mas a situação se complica quando a esposa dele vai até Yellowstone e é aprisionada pelos vilões.

Este é um faroeste italiano e a estética é suja, assim como a história. Nada de heróis limpinhos que sequer se despenteiam durante uma briga. Gary apanha muito, fica às portas da morte. A sequência em que ele é preso em uma cerca pelos vilões impressiona não só pela crueza, mas por ser um show de narrativa, principalmente pela sequência da reviravolta. É um ótimo exemplo, aliás, de como usar o movimento de câmera para contar a história.

Talvez uma das razões pelas quais o faroeste espaguete tenha feito tanto sucesso é que nele nós realmente acreditamos que o mocinho está de fato correndo perigo de morte, o que faz com que sua vitória final se torne ainda mais catártica, o que de fato ocorre aqui.

Clássico dos clássicos, O dólar furado figura entre os grandes do gênero.

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