Se existe um filme que é perfeito do primeiro
ao último take este filme é Os sete samurais, de Akira Korosawa.
Lançado em 1954, o filme conta a história de
um vilarejo assolado por bandidos, que roubam toda a colheita de arroz. Cansados
da situação eles resolvem procurar samurais que possam ajudá-los em troca
apenas de três refeições de arroz por dia, o que parece impossível, já que a
maioria dos ronins considera a proposta ultrajante.
O filme é nitidamente dividido em três atos:
a procura dos samurais, a preparação para o confronto com os bandidos e a
guerra em si. Cada um deles tem seu encanto.
Talvez o momento mais impressionante do
primeiro ato seja a descoberta de Kambei Shimada, o sábio e experiente samurai
que será responsável por recrutar a maior parte dos outros. Um bandido se
escondeu em uma casa e tomou uma criança como refém. Ele não deixa que ninguém
se aproxime e ameaça matar a criança. Fingindo ser um monge budista oferecendo
comida, Kambei consegue entrar na casa, salvar a criança e matar o bandido com
a própria espada desse. A sequência inteira é impressionante e mostra como
Kurossawa conseguia dar uma impressão de ação única usando praticamente nenhum
recurso além da câmera lenta.
Outro momento de destaque é Kyūzō, visto em
um duelo no qual mata seu arrogante oponente. O sangue frio e o hiper-foco se
destacam aqui, com o samurai eliminando o adversário com um único golpe.
Ao grupo se junta um jovem nobre que pretende
se tornar um samurai e ser discípulo de Kambei.
Outra adição é Kikuchiyo, talvez a figura
mais carismática do filme.
Kikuchiyo é um falastrão, que se
apresenta como samurai, mas provoca risos quando descobrem que o documento
apresentado por ele é de uma criança. Além disso, seu jeito estabanado é o
oposto do contido Kyūzō. O grupo inclusive o rejeita em um primeiro momento.
Quando os sete samurais chegam ao vilarejo e
todos estão escondidos em suas casa, é que Kikuchiyo mostra seu valor
ao tocar o sino que avisa sobre a chegada dos bandidos.
É esse grupo muito diverso e até de certa forma
disfuncional que irá defender a aldeia e salvar os lavradores.
Conta-se que Koroswa e os roteiristas Shinobu
Hashimoto e Hideo Oguni escreveram a biografia de cada um dos personagens
principais, o que de fato aparece na história. O expectador vai aos poucos
conhecendo cada um dos samurais (e alguns dos aldeões) e se afeiçando a eles.
O ato da batalha si em faria cada um dos
roteiristas de GOT querer se enterrar de vergonha. São 40 bandidos contra
apenas sete samurais, mas Kambei
Shimada usa toda as possiblidades a seu favor. Quando um dos samurais pergunta
porque ele deixou uma brecha por onde os bandidos poderiam entrar, ele responde
que toda boa fortaleza tem um ponto fraco que funciona como isca para os
atacantes. Usando da estratégia, eles vão eliminando os bandidos um a um.
Bom desenvolvimento de personagens, ótimas
cenas de ação, uma trama realmente envolvente somam-se ao apuro estético de
Kurossawa, de modo que cada frame tem uma composição perfeita, como se fossse
um quadro.
Os sete samurais é, provavelmente, um dos
filmes mais adaptados de todos os tempos. A primeira adaptação foi o faroeste
Sete homens e um destino, dirigido por John Sturges e lançado em 1960, mas há
uma infinidade de outros, incluindo a animação Vida de Inseto.
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