terça-feira, outubro 22, 2024

Os sete samurais



Se existe um filme que é perfeito do primeiro ao último take este filme é Os sete samurais, de Akira Korosawa.

Lançado em 1954, o filme conta a história de um vilarejo assolado por bandidos, que roubam toda a colheita de arroz. Cansados da situação eles resolvem procurar samurais que possam ajudá-los em troca apenas de três refeições de arroz por dia, o que parece impossível, já que a maioria dos ronins considera a proposta ultrajante.

O filme é nitidamente dividido em três atos: a procura dos samurais, a preparação para o confronto com os bandidos e a guerra em si. Cada um deles tem seu encanto.

Talvez o momento mais impressionante do primeiro ato seja a descoberta de Kambei Shimada, o sábio e experiente samurai que será responsável por recrutar a maior parte dos outros. Um bandido se escondeu em uma casa e tomou uma criança como refém. Ele não deixa que ninguém se aproxime e ameaça matar a criança. Fingindo ser um monge budista oferecendo comida, Kambei consegue entrar na casa, salvar a criança e matar o bandido com a própria espada desse. A sequência inteira é impressionante e mostra como Kurossawa conseguia dar uma impressão de ação única usando praticamente nenhum recurso além da câmera lenta.



Outro momento de destaque é Kyūzō, visto em um duelo no qual mata seu arrogante oponente. O sangue frio e o hiper-foco se destacam aqui, com o samurai eliminando o adversário com um único golpe.

Ao grupo se junta um jovem nobre que pretende se tornar um samurai e ser discípulo de Kambei.

Outra adição é Kikuchiyo, talvez a figura mais carismática do filme.

Kikuchiyo  é um falastrão, que se apresenta como samurai, mas provoca risos quando descobrem que o documento apresentado por ele é de uma criança. Além disso, seu jeito estabanado é o oposto do contido Kyūzō. O grupo inclusive o rejeita em um primeiro momento.

Quando os sete samurais chegam ao vilarejo e todos estão escondidos em suas casa, é que Kikuchiyo mostra seu valor ao tocar o sino que avisa sobre a chegada dos bandidos.



É esse grupo muito diverso e até de certa forma disfuncional que irá defender a aldeia e salvar os lavradores.

Conta-se que Koroswa e os roteiristas Shinobu Hashimoto e Hideo Oguni escreveram a biografia de cada um dos personagens principais, o que de fato aparece na história. O expectador vai aos poucos conhecendo cada um dos samurais (e alguns dos aldeões) e se afeiçando a eles.

O ato da batalha si em faria cada um dos roteiristas de GOT querer se enterrar de vergonha. São 40 bandidos contra apenas sete samurais, mas  Kambei Shimada usa toda as possiblidades a seu favor. Quando um dos samurais pergunta porque ele deixou uma brecha por onde os bandidos poderiam entrar, ele responde que toda boa fortaleza tem um ponto fraco que funciona como isca para os atacantes. Usando da estratégia, eles vão eliminando os bandidos um a um.

Bom desenvolvimento de personagens, ótimas cenas de ação, uma trama realmente envolvente somam-se ao apuro estético de Kurossawa, de modo que cada frame tem uma composição perfeita, como se fossse um quadro.

Os sete samurais é, provavelmente, um dos filmes mais adaptados de todos os tempos. A primeira adaptação foi o faroeste Sete homens e um destino, dirigido por John Sturges e lançado em 1960, mas há uma infinidade de outros, incluindo a animação Vida de Inseto.

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