terça-feira, outubro 22, 2024

Uma noite em 67


Em 1967 a TV Record exibiu o 3º Festival da Música Popular Brasileira. Poderia ser apenas mais um festival de música, mas se tornou um marco na carreira dos artistas e uma quebra de paradigmas.

Foi essa edição revolucionária do festival que Renato Terra e Ricardo Calil transfomaram no documentário Uma noite em 67.

Com imagens da época e depoimentos de pessoas envolvidas – do diretor da TV Record a artistas como Roberto Carlos, Gilberto Gil, Caetano Veloso e Chico Buarque, o documentário busca recriar o clima do festival, colocando o expectador no centro dos acontecimentos.

Foi em 1967, no festival, que surgiu a Tropicália, mais especificamente com Domingo no Parque, de Gilberto Gil e Os mutantes e Alegria, alegria, de Caetano Veloso. Era um movimento tão inovador e irreverente que faria com que Chico Buarque, com apenas 23 anos, parecesse um conservador ultrapassado.

O documentário perspassa acontecimentos externos ao festival, como a passeata contra a guitarra, mas que tiveram um impacto direto no evento.

Talvez o momento mais interessante sejam as apresentações de Caetano e de Gil, inicialmente muito vaiadas pela plateia, e a forma como, com seu talento, eles foram conquistando o público até o final apoteótico em que foram aplaudidos de pé. É uma rica demonstração de como a arte pode vencer o preconceito. Também vale muito a pena ver as entrevistas de bastidores em que, por exemplo Gilberto Gil defende a inclusão do pop na arte, chegando a citar as histórias em quadrinhos.

No final, grande ganhadora do festival foi Ponteio, de Edu Lobo, uma música, hoje em dia considerada conservadora. Gil ficou em segundo e Chico em terceiro, com Roda Viva. Apesar de não terem ganhado o festival, Gil e Caetano escreveram seu nome na música popular brasileira e mudaram os rumos dessa mesma música.

Uma noite em 1967 é um daqueles documentários obrigatórios para quem gosta de boa música. Está disponível na Netflix.

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