Em 1967 a TV Record exibiu o 3º Festival da Música Popular Brasileira. Poderia ser apenas mais um festival de música, mas se tornou um marco na carreira dos artistas e uma quebra de paradigmas.
Foi essa edição revolucionária do festival
que Renato Terra e Ricardo Calil transfomaram no documentário Uma noite em 67.
Com imagens da época e depoimentos de pessoas
envolvidas – do diretor da TV Record a artistas como Roberto Carlos, Gilberto
Gil, Caetano Veloso e Chico Buarque, o documentário busca recriar o clima do
festival, colocando o expectador no centro dos acontecimentos.
Foi em 1967, no festival, que surgiu a Tropicália,
mais especificamente com Domingo no Parque, de Gilberto Gil e Os mutantes e
Alegria, alegria, de Caetano Veloso. Era um movimento tão inovador e irreverente
que faria com que Chico Buarque, com apenas 23 anos, parecesse um conservador
ultrapassado.
O documentário perspassa acontecimentos
externos ao festival, como a passeata contra a guitarra, mas que tiveram um impacto
direto no evento.
Talvez o momento mais interessante sejam as
apresentações de Caetano e de Gil, inicialmente muito vaiadas pela plateia, e a
forma como, com seu talento, eles foram conquistando o público até o final
apoteótico em que foram aplaudidos de pé. É uma rica demonstração de como a
arte pode vencer o preconceito. Também vale muito a pena ver as entrevistas de
bastidores em que, por exemplo Gilberto Gil defende a inclusão do pop na arte,
chegando a citar as histórias em quadrinhos.
No final, grande ganhadora do festival foi
Ponteio, de Edu Lobo, uma música, hoje em dia considerada conservadora. Gil
ficou em segundo e Chico em terceiro, com Roda Viva. Apesar de não terem
ganhado o festival, Gil e Caetano escreveram seu nome na música popular
brasileira e mudaram os rumos dessa mesma música.
Uma noite em 1967 é um daqueles documentários
obrigatórios para quem gosta de boa música. Está disponível na Netflix.
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