quinta-feira, novembro 28, 2024

A mulher-rei

 



A mulher-rei, filme dirigido por Gina Prince-Bythewood e estrelado por Viola Davis parte de uma situação real.

De fato, no século XIX, existiu no reino de Daomé, atual Benin, um grupo de guerreiras invencíveis, verdadeiras amazonas da África, chamadas de agojie.

A história inicia com uma incursão das agojie para libertar pessoas do reino de Daomé aprisionadas pelo império Oyo para serem vendidas como escravas.

O ataque é liderado por Nanisca, interpretado por Viola Davis. O protagonismo da história, entretanto, se equilibra entre Nanisca e Nawi, uma garota que, após atacar o velho que deveria ser seu noivo, é entregue por seu pai no castelo para se tornar uma guerreira. A história de Nawi mostra como participar das agojie poderia ser a única oportunidade de ascenção social para muitas mulheres, assim como a única forma de escaparem de um destino de eterna submissão. No castelo, onde são treinadas as agojie, só podem entrar mulheres e eunucos, de forma que ali se torna um local governado por mulheres.

Há um outro fato interessante: os habitantes de daomé cultuam um casal de gêmeos, o que faz com que todos os principais cargos, de general a rei, tivesse uma contraparte feminina.

Tudo isso é mostrado de forma muito competente no filme. Além disso, a trama envolvente: Nawi lutando para provar seu valor como guerreira e Nanisca busca de vingança contra o homem que no passado a aprisionou e a estuprou repetidas vezes. No final, descobre-se que o destino das duas é intimamente interligado.

O trailer, focado principalmente na ação, pode dar a entender que esse é o clima do filme, o que  não é verdade. Há um bom equilíbrio entre cenas de ação e cenas de desenvolvimento, com uma forte caracterização de personagens. Aliás, as cenas de ação merecem destaque em qualquer resenha. Os combates ganharam uma coreografia crua, brutal, que destaca bem a sanguinolência da guerra.

Em tempo: embora seja baseado em fatos reais, A mulher rei não é totalmente fiel aos fatos históricos. O filme inclui um forte discurso anti-escravista quando na verdade, as próprias agojie foram elemento importante no aprisionamento de escravos que seriam vendidos pelo reino de Daomé para traficantes. Mas ficção é ficção, e não história. O importante é produzir uma obra que envolva e faça o expectador acreditar naqueles fatos que são mostrados na tela, o que de fato acontece nesse filme.

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