Um dos temas principais de Jornada nas estrelas é a humanidade. Não só o conceito de humanidade, mas também o que nos diferencia como seres humanos.
E uma dessas diferenças é a capacidade de interpretar o mundo à nossa volta, diferenciando, por exemplo, um jogo de uma situação real.
Esse é o tema de O computador supremo, episódio da segunda temporada da série clássica.
Na história, a Entreprise é designada para o teste de um computador capaz não só de pilotar, mas também comandar uma nave espacial. Para isso praticamente toda a tripulação é dispensada, ficando na nave apenas 20 tripulantes, incluindo o trio Kirk-Spock-McCoy.
Ocorre que durante o teste algumas naves simulam um ataque à Enterprise num jogo de guerra e o computador interpreta como um ataque real e contra-ataca provocando centenas de mortes. Pior: quando tentam desligá-la, ela interpreta isso também como um ataque.
Até mesmo uma criança de cinco anos consegue diferenciar um perigo real de uma bricadeira. Até mesmo uma criança consegue distinguir um simulacro de algo real. Para isso precisa saber interpretar símbolos e contextos. Ao ver um adulto se aproximando com as mãos estendidas gritando: “Eu vou te pegar”, ela sabe que isso pode ser uma ameaça ou simplesmente uma brincadeira. Se o adulto estiver sorrindo, por exemplo, é uma brincadeira.
Robôs e computadores não têm essa capacidade de interpretação, decodificando de maneira literal as mensagens. Talvez no futuro isso seja possível, mas esse ainda é um limite para a inteligência artificial.
Ao colocar essa situação no episódio, a roteirista DC Fontana reflete sobre como os humanos conseguem ser essenciais mesmo em situações em que um computador parece muito mais inteligente ou capacitado. E somos essenciais exatamente por nossa humanidade e nossa capacidade de interpretarmos e nos adaptarmos ao ambiente.
Só por isso o episódio já seria obrigatório. Mas temos também uma trama extremamente tensa em que o suspense vai num crescendo até o final.
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