Confesso que quando
comprava a Superaventuras Marvel, as histórias do Demolidor de Frank Miller
estavam entre o material que eu lia primeiro, mas, entre todas as HQs, duas me
chamaram mais a atenção. A primeira é “Onde os anjos temem caminhar”, em que o
Demolidor enfrenta demônios internos. A segunda, “Condenados”, no qual o herói
desce para o submundo de Nova York.
Publicada em Daredevil
1980, essa história faz parte da saga na qual o Rei tenta eleger um prefeito e
Matt Murdock e Bem Urich tentam impedir. Na edição anterior, o repórter havia
descoberto que a esposa do Rei, Vanessa, ainda estava viva, embora desmemoriada
e transformada em uma mendiga. Os dois, então, descem ao esgoto para resgatá-la
e tentar usá-la para fazer o mafioso desistir de seus planos políticos.
A primeira página é uma amostra de como Miller sabia jogar com a narrativa visual.
A primeira página em uma
série de quadros horizontais, que mais escondiam do que revelavam, mostrava um
rei dos esgotos, um homem gordo e branco (o que revela que ele não sobe à
superfície há muito tempo). Ele começa matando sua esposa: “A rainha não me
agrada, então ela morre!”. Ele escolhe como nova rainha exatamente Vanessa. O
texto diz: “Eles se amontoam um em cima do outro. Ajoelham-se sobre hematomas e
bolhas... e idolatram seu rei”.
A visão de Miller do submundo do NY era impactante.
Essa visão do submundo
de Nova York, com legiões de mendigos, era revolucionária e impactante,
especialmente do ponto de vista visual.
Há um detalhe implícito
nessa história. Quando desce aos esgostos, o Demolidor se deixa capturar pelos
seres andrajosos para que eles o levem ao seu governante. O texto diz: “Talvez
ele pertença a esse lugar. Afinal, talvez esteja tão perdido, desesperado e
louco quanto os habitantes daqui. Apenas um louco desejaria descer ao inferno”.
Miller antecipava os problemas psicológicos do herói.
Era Frank Miller
atencipando os problemas mentais do personagem, que seriam o mote principal de
A queda de Matt Murdock.
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