domingo, dezembro 01, 2024

Homem-Animal – Os crimes temporais do Comandante do Tempo


 

Uma das características da passagem de Grant Morrison pelo Homem-Animal é o resgate de personagens obscuros da DC Comics (a começar pelo próprio protagonista).

No número 16 da revista o herói enfrentou um tal de Comandante do Tempo.

A história começa com um francês chavão (com bigode e baguete debaixo do braço) andando pela rua quando alguém o chama e pergunta as horas.

O tom da história é de humor. 


- Oh, sim! São... hã? Estranho! Meu relógio quebrou!

E o estranho sai pela rua, rindo e batendo os calcanhares, sob o olhar assustado do francês.

Esse início dá o tom da história: uma mistura de leveza, humor e mistério.

Enquanto isso, a esposa de Buddy recebe uma carta e descobre que uma editora aceitou seu livro. Para comemorar, o herói a leva para Paris pelo teletransportador da Liga da Justiça. Isso, claro, é apenas uma desculpa para colocar o Homem-Animal no palco dos acontecimentos.

Morrison emula os diálogos de JM DeMatteis na Liga. 


Morrison mimetiza o estilo de J.M. DeMatteis, escritor da Liga Europa à época, embora com menos texto, mas o mesmo senso de humor.

A Liga precisa enfrentar o Comandante do Tempo, que faz a cronologia enlouquecer. “O tempo ficou maluco! Nós vimos tanques alemães e homens da caverna perseguindo Jean Paul Sartre! A revolução francesa está acontecendo do outro lado da esquina!”, diz um dos personagens à certa altura.

Temos, nesse único balão, alguns dos cacoetes que tornariam Morrison tão querido e odiado: a mania de fazer citações eruditas e uma tendência ao surrealismo ou ao dadaísmo, ou qualquer coisa assim. Mas, se em trabalhos posteriores isso pareceria forçado e pedante, aqui tudo é absolutamente natural e divertido.

Chas Troug nos traz belas imagens, como essa. 


A descrição da confusão temporal é perfeita: “De alguma rua distante, vem o urro de um dentes-de-sabre... uma lâmina de guilhotina ressoa... Biplanos zumbem pelos céus azuis... os mortos e os vivos estão reunidos... e o tempo está livre”.

Provavelmente uma das razões para que isso não parecesse pedante era o traço de Chas Troug, leve, descompromissado e totalmente voltado para contar a história. Ele, aliás, desenha uma bela splah page com um dinossauro.

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