quarta-feira, janeiro 15, 2025

Perry Rhodan – Os horrores do mundo oco

 


No número 205 da série Perry Rhodan, os terranos foram transportados de volta para a Via Lactea, mas o Guardião de Andrômeda modificara o destino, enviando-os para um mundo Oco, que, ao longo do volume seria chamado de Horror.

Essa é uma aventura que prometia muito, a começar pelo ótimo título, “Os horrores do mundo oco”. Que tipo de ameaças terríveis estariam a espera dos humanos em um local assim?

Mas o que lemos não chega perto do que foi imaginado. Horror, pelo que é narrado, não é tão horrível assim. As únicas ameaças reais são um ser que parece ter capacidade de hipnotizar os humanos e seres de luzes que atacam a Crest II e sugam a energia do campo defensivo.

É nessa sequência dos seres de luz que vemos um dos maiores deus ex-machina da série. Deus ex-machina era uma solução divina usada no teatro antigo. Quando o herói se encontrava em uma situação de grande perigo e não havia escapatória, descia um ator de uma máquina simulando um deus e o salvava. Modernamente, esse termo tem sido aplicado para situações da trama que parecem forçadas ou gratuitas.


É o que acontece aqui. Quando parece que os seres de luz vão destruir a nave, “alguém tem a ideia de usar simplesmente a energia acústica contra os seres luminosos”. É uma solução forçada, que parece surgida do nada. Mas o escritor Kurt Mahr, não satisfeito em usar esse deus machina uma vez, usa uma segunda vez, quando foca em uma equipe no solo do planeta que também está sendo atacada pelos seres de luz e, de novo, alguém tem a ideia de usar a arma acústica.

Não seria difícil resolver isso de modo a deixar a solução mais orgânica. O ataque, por exemplo, poderia começar pela equipe menor e um dos tripulantes, sem nehuma outra arma à mão, poderia tentar a arma acústica e, vendo que ela funcionava, repassar a informação para a Crest II. Pronto, a solução ficaria muito mais verossímil.

Há um outro problema. Esse é um livro de Kurt Mahr, e, embora ele tivessse melhorado muito sua prosa, não conseguiu se livrar do vício de colocar expressões técnicas aleatórias no meio do livro. À certa altura, por exemplo, Rhodan diz que a situação que estão vivendo “parece um sincotron”. E fica por isso mesmo. O leitor não é informado o que é um sincotron nem qual a importância disso para a situação vivida pelos terranos.

Assim, o volume que prometia muito, acaba entregando pouco.

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