O número 208 da série Perry Rhodan se passa
dentro do Mundo Oco, com os terranos tentando subir de nível para chegar à
superfície. Mas a cada nível há uma série de dificuldades. Este é focado nos
soberanos azuis, como o próprio título diz.
Esse é o tipo de história interessante de
ficção científica que poderia se tornar uma grande metáfora sobre a sociedade.
Os soberanos azuis são três robôs
responsáveis por governar o planeta oco e protegê-lo contra qualquer intruso.
Há tempos imemoriais uma raça chamada Os tentaculares foi enviada como castigo
para o planeta oco. Como os robôs precisavam de matéria orgânica para sobreviverem,
é instituído que a cada 48 horas 15 vítimas devem ser escolhidas entre os
tentaculares e entregues em sacrifício.
O interessante aí é que isso se transforma em
uma religião, que tem os robôs como deuses aos quais é necessário agradar com
sacrifícios envoltos em diversas cerimônias. O livro, inclusive inicia com o
ponto de vista de Lamon, o sacerdote responsável pelos sacrifícios.
Ou seja: esse é um mote que poderia ser muito
bem aproveitado por um grande escritor de ficção científica. Ocorre que este
número é escrito por Kurt Brand, um escritor mediano, que incorre em uma série
de erros. Para começar, gasta metade do livro no nível anterior, verde, de modo
que a história começa de fato mesmo lá na frente, deixando pouco espaço para
explorar a religião dos tentaculares.
Além disso, ele não consegue explicar uma parte
fundamental para a história: o fato de que as camadas desse mundo oco são
sustentadas por montanhas que servem como pilastras e essas montanhas-pilastras
são o ponto fraco da estrutura, que permite avançar de uma camada para outra. Como
Kurt Brand não consegue explicar isso, o leitor fica sem entender a estratégia
de Rhodan.
Não bastasse isso, a parte mais empolgante, de
ação, quando os terranos são entregues como sacrifício e destroem os três robôs
é empurrada lá para as páginas finais.
Além disso, parece haver um problema de
tradução na edição da Ediouro.
À certa altura, Gucky diz para Rhodan que
achava que Lamon fosse um patife, mas percebera que ele de fato acredita nos
deuses.
- Quer dizer que não é fanático?
- Não. Está imbuído de uma crença profunda.
Ora, a descrição de Gucky é exatamente de um
fanático religioso.
É possível que o tradutor tenha se confundido
e acabou dizendo o oposto do que dizia o texto original (ou então, Kurt Brand
tem uma visão muito estranha do que seria um fanático religioso).
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