sábado, janeiro 25, 2025

Perry Rhodan – Os soberanos azuis

 


O número 208 da série Perry Rhodan se passa dentro do Mundo Oco, com os terranos tentando subir de nível para chegar à superfície. Mas a cada nível há uma série de dificuldades. Este é focado nos soberanos azuis, como o próprio título diz.

Esse é o tipo de história interessante de ficção científica que poderia se tornar uma grande metáfora sobre a sociedade.

Os soberanos azuis são três robôs responsáveis por governar o planeta oco e protegê-lo contra qualquer intruso. Há tempos imemoriais uma raça chamada Os tentaculares foi enviada como castigo para o planeta oco. Como os robôs precisavam de matéria orgânica para sobreviverem, é instituído que a cada 48 horas 15 vítimas devem ser escolhidas entre os tentaculares e entregues em sacrifício.

O interessante aí é que isso se transforma em uma religião, que tem os robôs como deuses aos quais é necessário agradar com sacrifícios envoltos em diversas cerimônias. O livro, inclusive inicia com o ponto de vista de Lamon, o sacerdote responsável pelos sacrifícios.

A capa alemã. 


Ou seja: esse é um mote que poderia ser muito bem aproveitado por um grande escritor de ficção científica. Ocorre que este número é escrito por Kurt Brand, um escritor mediano, que incorre em uma série de erros. Para começar, gasta metade do livro no nível anterior, verde, de modo que a história começa de fato mesmo lá na frente, deixando pouco espaço para explorar a religião dos tentaculares.

Além disso, ele não consegue explicar uma parte fundamental para a história: o fato de que as camadas desse mundo oco são sustentadas por montanhas que servem como pilastras e essas montanhas-pilastras são o ponto fraco da estrutura, que permite avançar de uma camada para outra. Como Kurt Brand não consegue explicar isso, o leitor fica sem entender a estratégia de Rhodan.

Não bastasse isso, a parte mais empolgante, de ação, quando os terranos são entregues como sacrifício e destroem os três robôs é empurrada lá para as páginas finais.

Além disso, parece haver um problema de tradução na edição da Ediouro.

À certa altura, Gucky diz para Rhodan que achava que Lamon fosse um patife, mas percebera que ele de fato acredita nos deuses.

- Quer dizer que não é fanático?

- Não. Está imbuído de uma crença profunda.

Ora, a descrição de Gucky é exatamente de um fanático religioso.

É possível que o tradutor tenha se confundido e acabou dizendo o oposto do que dizia o texto original (ou então, Kurt Brand tem uma visão muito estranha do que seria um fanático religioso).

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