Uma das frases mais emblemáticas do filme O conclave, de Edward Berger é: “Não há homem mais perigoso do que aquele que deseja ser Papa”. A frase é uma prefeita metáfora da busca do poder pessoal. Já trabalho há quase 20 anos no ensino superior e tenho visto isso no ambiente acadêmico: os melhores coordenadores de curso só assumem o cargo por extrema necessidade e saem assim que podem; os que brigam para se tornarem coordenadores são os piores tipos, normalmente usando o poder exclusivamente para interesses pessoais.
Na história acompanhamos Ralph Fiennes como cardeal Thomas
Lawrence, responsável por coordenar o conclave responsável por eleger o novo
Papa. O que seria apenas uma missão burocrática se torna uma trama repleta de suspense,
intrigas e até mesmo trama policial. Há um cardeal que parece ter sido
destituído pelo Papa, que morreu antes de divulgar sua decisão, há um cardeal
de extrema direita que pretende instalar uma guerra religiosa, há um cardeal
africano com um passado nebuloso e um cardeal que aparentemente atuava no Afeganistão,
um local em que o cristianismo é proibido.
Lawrence precisa descobrir tudo que está acontecendo antes
que termine a votação. Entremeado a isso, temos a própria votação, que por si
só é um elemento de suspense. Aliás, a trama constantemente nos surpreende, com
reviravoltas e mais reviravoltas, de forma que o candidato mais votado em um
momento passa a ser o menos votado na seguinte. Em meio a tudo, uma intensa
luta por poder em que poucas vezes a ética predomina.
Além disso, o próprio Lawrence está em um conflito interno,
em uma crise de fé. Uma dúvida existencial ampliada pelo fato de que ele será o
responsável por coordenar a eleição do próximo líder da igreja Católica.
Confesso que fui assistir totalmente desavisado. Não sabia
nada sobre O conclave, mas acabei capturado pela trama envolvente.
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