domingo, fevereiro 02, 2025

X – A marca da morte

 


Existe um subgênero do terror chamado slasher, no qual adolescentes são mortos um a um por um assassino em série. Em X – a marca da morte, Ti West, faz uma homenagem a esse gênero ao mesmo tempo que o revigora e traz a ele camadas a mais de significados e aprofundamento de personagens.

Na trama, um grupo de jovens aluga um galpão em uma fazenda com o objetivo de fazer um filme pornô. Cada um ali tem uma motivação: o produtor acredita que ficará rico com o mercado de filmes caseiros, o diretor acredita que está conseguindo transformar o pornô em um filme artístico, a personagem Maxine, a protagonista, acha que merece ser famosa e pretende usar a repercussão do filme para isso.

Ocorre que os donos do local são um casal de assassinos, que, aproveitando a imagem de fragilidade, vão eliminando cada um dos integrantes da equipe de filmagem.

Há um fator aqui que é totalmente revolucionário. Nos slashers clássicos o sexo é visto quase como um pecado a ser punido. Não por acaso boa parte dos adolescentes que morrem em filmes como sexta-feira 13 acabam sucumbindo durante ou pouco depois de uma relação sexual. Aqui a questão sexual ganha outros contornos. A velhinha Pearl, por exemplo, tem sua sexualidade despertada ao ver as filmagens e a matança final é quase uma preliminar para o reencontro sexual do casal.

Vale destacar o cuidado de Ti West, tanto no roteiro quanto na direção. Tudo é muito bem pensando e muito bem construído, a começar pela cena inicial, em que os policiais encontram os cadáveres. Essa maestria narrativa encontra seu momento mais assustador no momento em que Maxine está tomando banho no lago. O uso de ângulos inusitados e trilha sonora deixa o espectador colado na poltrona, esperando pelo pior.

Também vale destacar o talento de Mia Goth, que faz tanto a mocinha Maxine quanto a vilã Pearl. Para ajudar a atriz a entrar no papel da vilã, o diretor escreveu para ela um texto contando sua história. Ao ler, ela comentou: isso dava um outro filme. O resultado foi Pearl, que narra o início da vida de assassinatos da personagem, um filme ainda melhor que o primeiro.  

Será Ti West o Tarantino dos filmes de terror?

Em tempo: há um terceiro filme, Maxxine, que ainda não consegui assistir.

Sem comentários: