Existe um subgênero do terror chamado slasher, no qual adolescentes são mortos um a um por um assassino em série. Em X – a marca da morte, Ti West, faz uma homenagem a esse gênero ao mesmo tempo que o revigora e traz a ele camadas a mais de significados e aprofundamento de personagens.
Na trama, um grupo de jovens aluga um galpão em uma fazenda
com o objetivo de fazer um filme pornô. Cada um ali tem uma motivação: o
produtor acredita que ficará rico com o mercado de filmes caseiros, o diretor
acredita que está conseguindo transformar o pornô em um filme artístico, a
personagem Maxine, a protagonista, acha que merece ser famosa e pretende usar a
repercussão do filme para isso.
Ocorre que os donos do local são um casal de assassinos,
que, aproveitando a imagem de fragilidade, vão eliminando cada um dos
integrantes da equipe de filmagem.
Há um fator aqui que é totalmente revolucionário. Nos
slashers clássicos o sexo é visto quase como um pecado a ser punido. Não por
acaso boa parte dos adolescentes que morrem em filmes como sexta-feira 13
acabam sucumbindo durante ou pouco depois de uma relação sexual. Aqui a questão
sexual ganha outros contornos. A velhinha Pearl, por exemplo, tem sua
sexualidade despertada ao ver as filmagens e a matança final é quase uma
preliminar para o reencontro sexual do casal.
Vale destacar o cuidado de Ti West, tanto no roteiro quanto
na direção. Tudo é muito bem pensando e muito bem construído, a começar pela
cena inicial, em que os policiais encontram os cadáveres. Essa maestria
narrativa encontra seu momento mais assustador no momento em que Maxine está
tomando banho no lago. O uso de ângulos inusitados e trilha sonora deixa o
espectador colado na poltrona, esperando pelo pior.
Também vale destacar o talento de Mia Goth, que faz tanto a
mocinha Maxine quanto a vilã Pearl. Para ajudar a atriz a entrar no papel da
vilã, o diretor escreveu para ela um texto contando sua história. Ao ler, ela
comentou: isso dava um outro filme. O resultado foi Pearl, que narra o início
da vida de assassinatos da personagem, um filme ainda melhor que o primeiro.
Será Ti West o Tarantino dos filmes de terror?
Em tempo: há um terceiro filme, Maxxine, que ainda não
consegui assistir.
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