O Justiceiro tornou-se, no final da década de
1980, um dos personagens mais populares da Marvel. Mas, embora tenha surgido no
início da década de 1970 nas histórias do Aranha, as características do
personagem só se delinearam de fato a partir da sua aparição na revista do
Demolidor de Frank Miller.
A primeira vez que os dois personagens se
encontraram foi em Daredevil 183, de junho de 1982. A capa já deixa claro que
essa era uma versão mais hard do personagem com o Justiceiro atirando à queima
roupa no herói cego.
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Miller une com perfeição texto e imagem. |
A trama gira em torno de uma nova droga, o pó
dos anjos, que estava sendo usada principalmente para viciar crianças. A
história começa com uma menina tendo um flashback do efeito e se jogando da
janela.
Miller usa o texto para descrever o estado
mental da menina enquanto o desenho a mostra em desespero (uma fumaça branca
saindo de sua boca representando visualmente o efeito da droga). O texto diz:
“As cobras caíram sobre seu cabelo e agora rodopiam por suas pernas e abrem
caminho por sua garganta”. A confusão mental da menina é representada por frases
que muitas vezes ficam incompletas ou parecem fragmentos de um trecho maior.
Essa sequência é uma demonstração de como Miller sabia jogar magistralmente com
os dois elementos dos quadrinhos, a instância textual e a visual.
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O encontro do Justiceiro com o Demolidor gerou cenas memoráveis de ação. |
O responsável por ter viciado a menina é um
tal de Porcão, o chefe do tráfico na região, e o irmão da menina resolve vingá-la.
Mas o Demolidor e Justiceiro também estão atrás do Porcão.
O Justiceiro é descrito por Bem Urich como um
assassino: “É bom de luta corpo a corpo. Matou doze homens durante o tumulto na
prisão. E você quer enfrentar esse cara?”.
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O Justiceiro de Miller era capaz de espancar um viciado apenas para conseguir uma informação. |
O Justiceiro de Miller é capaz de torturar
até a morte um viciado para conseguir uma informação. É também um personagem de
ação, que usa tanto as mãos quanto armas para conseguir o que quer – o que
permite a Miller algumas ótimas sequências de luta.
O trabalho de Miller com o Justiceiro foi tão
marcante que a partir daí ele se tornou um personagem recorrente da série do
homem sem medo, da mesma forma que o Rei, que também havia surgido nas páginas
do Homem-aranha.
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