quarta-feira, abril 09, 2025

Mister No - O rei do sertão


Lampião é uma das figuras mais interessante e mais controversas da história brasileira. E é justamente esse personagem mutifacetado que serviu de mote para uma das melhores histórias de mister. Publicada no especial número 3 e com roteiro de Sérgio Bonnelli e desenho de R. Diso, a história gira em torno do roubo da cabeça mumificada do cangaceiro.

Na história, Mister No está de passagem pela Bahia quando se encontra, por acaso, com uma antiga paquera, Miranda, e ela o leva para namorar em um local inusitado: ao lado do Museu Estácio de Lima, no Instituto de Medicina Legal da Bahia.
Tudo começa com o roubo da cabeça de Lampião. 


Mas a paquera faz parte de um plano: o namorado de Marina pretende roubar a cabeça de Lampião e usar o piper do herói para tirá-lo do Brasil. A peça tinha sido encomendada por um antropólogo que pretendia, através das medições do crânio, revelar que o cangaceiro era geneticamente determinado a se tornar um criminoso.

A situação, no entanto, se complica primeiro quando o ladrão mata dois vigias e depois, quando dois dos campangas resolvem mudar de lado e roubar a cabeça e leva-la para um coronel que pretende fundar uma república independente no nordeste.
Um coronel quer fundar um novo país no sertão nordestino.


Pode parecer que estou dando spoiller, mas isso são só as primeiras páginas desse voluem extra. É história em cima de história, reviravolta em cima de reviravolta em uma trama cada vez mais ampla que vai envolver os mais variados tipos do sertão, sempre com Mister No, a contragosto, no meio.

É uma trama tão divertida e surreal que me faz lembrar os roteiros de Jodorowsky.
Novos cangaceiros também querem a cabeça de Lampião. 


Mas como o roteiro é de Sérgio Bonnelli, ele consegue transformar essa trama amalucada em uma aventura comercial da melhor qualidade e das mais divertidas.
Sérgio Bonnelli nitidamente pesquisou muito sobre Lampião e percebeu que sua personalidade era multifacetada, fazendo com que ele fosse visto tanto como um bandido, como um santo, tanto como um defensor dos pobres como um conservador a serviço dos grandes fazendeiros. Essa multiplicidade de pontos de vista a respeito dessa figura hoje folclórica é muito bem explorada na história.
No Brasil essa história foi lançada pela editora 85.

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