Eu sempre tive um fascínio pelo Quarteto Fantástico que não
sei explicar de onde veio. Eu assisti uma outra coisa do desenho animado com o
robozinho e provavelmente achei os roteiros sofríveis. Mas, como costumo dizer,
quando eu era criança, nunca assistia o que estava passando na TV. Assistia o
que estava passando na minha mente. E aquela mistura de ficção científica,
super-heróis e família parecia prometer aventuras incríveis e fascinantes.
Depois de adulto, quando comecei a ler quadrinhos Marvel, só as melhores
histórias de Stan Lee e Jack Kirby se igualavam àquilo que eu esperava desses
personagens – a exemplo da saga de Galactus. Foi essa impressão que eu tive ao
ver o filme Quarteto Fantástico – primeiros passos.
O filme de Matt Shakman não tem vergonha de ser uma obra
baseada em quadrinhos. Estão ali os uniformes coloridos, o clima divertido de
família, as soluções malucas de Reed Richards.
A produção acerta ao situar a obra na década de 1960, com
um visual futurista retrô. O roteiro, aliás, é descomplicado e otimista: O Quarteto
se transformou após uma viagem ao espaço e os astronautas se tornaram ídolos mundiais.
Usar um programa de auditório para introduzir os personagens foi uma boa sacada
para narrar tudo que o expectador precisa saber a respeito desses personagens.
Tudo muda quando a terra recebe a arauto de Galactus, a Surfista
Prateada, que avisa que a terra será a próxima vítima do devorador de mundos. A
coisa se complica quando Galactus resolve tomar para si o filho de Reed e Sue, um
garoto, segundo ele, detentor de grande poder.
Quem conhece os quadrinhos sabe que a história foi
modificada. Mas essas modificações mantiveram a essência da história. E, na
verdade, promoveram um motivador a mais. Agora o Quarteto não luta apenas pela
humanidade, mas também pelo bebê. Pode parecer paradoxal, mas funciona. Ao colocar
uma criança em perigo, o filme humaniza a narrativa, torna mais palpável o
perigo e menos abstrato.
Outra mudança foi com relação ao final – e essa também é
positiva. Nos quadrinhos, a humanidade é salva por um deus ex machina (uma arma
do Vigia). Aqui a ameaça é debelada graças a um plano do Senhor Fantástico.
Quando o Quarteto surgiu, sue era a personagem menos
poderosa (alguns leitores mandavam cartas sugerindo a retirada dela do grupo, cartas
que eram respondidas por Stan Lee com verdadeiros sermões sobre a importância
das mulheres). Aqui, ela é a mais poderosa, e aquela cujo poder acaba sendo fundamental
no momento mais crucial do filme.
É um filme empolgante. Não por acaso, a plateia da sessão
que assisti vibrava e chegava até a falar com os personagens.
PS1 - O filme reverencia os quadrinhos a ponto de mostrar o
que seriam Jack Kirby e Stan Lee, com páginas de quadrinhos de Kirby penduradas
nas paredes de uma editora.
PS2 – Adorei os uniformes.
PS3 - Não perca a cena pós-crédito.
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