A maioria dos autores considera que o marco inicial do subgênero espada e feitiçaria foi a publicação do conto O reino das sombras, escrito por Robert E. Howard e publicado na revista Weird Tales de agosto de 1929. Embora Howard tenha se tornado famoso graças ao Conan, o protagonista daquela primeira história era o Rei Kull.
Esse pioneiro é a estrela do volume Rei Kull – Da Atlândida ao reino das sombras, lançado em 2021 pela Skritp. O livro é uma ótima introdução à obra de Howard, em especial graças aos textos complementares. Um deles, de autoria de Dierk Guenter, analisa não só a influência de Kull no nascimento da espada e feitiçaria e as fontes de inspiração para o mundo do personagem, como defende uma curiosa hipótese: a de Kull era, na verdade, um alter-ego de Howard. Afinal, o escritor se sentia tão alienígena na cidadezinha do interior do Texas quanto o atlante se sentia na Valúsia.
Ao contrário do que eu imaginava, não se trata de uma antologia, com vários contos do personagem. São apresentados apenas três textos de Howard: um breve ensaio sobre o mundo de Kull e os contos Exílio em Atlândida e O reino das sombras.
Apesar disso, é uma obra que agrada aos fãs.
Primeiro porque O reino das sombras é de fato um texto espetacular, a começar pela abertura narrando uma parada militar: “O fragor das trombetas ficou mais alto, como uma intensa maré doura, como a suava arrebentação das ondas noturnas contras as praias argênteas da Valúsia”.
Segundo porque é uma edição caprichada, com uma diagramação que simula pergaminhos antigos. Além disso, os incríveis desenhos de J.L. Padilha ajudam a dar o clima da história.
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