Em 1982 Frank Miller abalou o mercado de quadrinhos dos EUA
ao matar a personagem Elektra no auge da sua popularidade. O acontecimento era
o auge criativo de sua primeira fase à frente da revista Daredevil. Como todos
os grandes eventos Marvel, era natural que esse fosse objeto da série What If…
numa versão em que a assassina não teria morrido.
A revista What If geralmente tinha uma equipe B, com
artistas pouco conhecidos ou pouco expressivos, mas nesse caso foi o próprio
Miller que cuidou do desenho e roteiro - quase como se dissesse que apenas ele
poderia narrar uma história de Elektra, fosse ela alternativa ou não.
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| Miller mata o Mercenário logo no início da HQ. |
A história acompanha Matt Murdock à beira do túmulo de
Elektra e uma figura sombria se acerca dele: “Sua dor é enorme, Mathew Murdock.
Você perdeu a primeira mulher que já amou. E o amor é algo poderoso no mundo
dos homens. quase foi poderoso o bastante para fazê-lo renunciar a tudo pelo
que lutou como um talentoso advogado... e como o herói cego, o Demolidor. Mas e
se ele anão tivesse morrido?”, pergunta o ser misterioso.
Essa figura era o Vigia, o personagem cósmico que narrava
as versões alternativas. Miller o desenha não como um ser alienígena, mas como
um homem com um guarda-chuva, em consonância com o estilo urbano do título.
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| O Vigia é mostrado com um personagem sombrio. |
Nessa versão, o Mercenário é morto ao tentar fugir da
prisão e, assim, não consegue assassinar Elektra.
Miller, malandro, reaproveita duas páginas das histórias
anteriores, aquelas em que Elektra, contatada para matar Foggy Nelson, o deixa
vivo. Na versão oficial, ela acaba sendo morta pelo Mercenário, mas nessa
versão alternativa, o Rei coloca diversos assassinos no seu encalço, o que leva
a várias páginas de ação.
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| A história é desculpa para várias sequências de lutas. |
Uma curiosidade é que, por norma, as histórias de what If
sempre terminavam mal, até como forma de dizer que a cronologia Marvel era o
mais correto a se fazer. Mas nesse caso, Miller traz um final feliz, totalmente
em desacordo com o título. Sinal tanto do amor de Miller pela assassina quanto
de sua importância à época, a ponto de subverter as regras das revistas.
Apesar disso, é uma historinha boba, que não chega nem aos
pés do melhor de Miller à frente do título.




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