domingo, janeiro 15, 2006

Cidadão Kane



Na casa do Jeferson assisti um documentário sobre o filme Cidadão Kane, fazendo uma comparação entre a vida de Orson Welles e de William Randolph Hearst. Rapaz, o filme é praticamente uma biografia do Hearst! Curiosamente, não foi o fato de ser retratado no filme que deixou irado o milionário dono de jornais. O que o deixou realmente P da vida foi a forma como foi retratada sua amante, que no filme é mostrada como uma cantora de ópera totalmente destalentosa. Na vida real a garota (lindíssima!) era um boa atriz de cinema.
Falando sobre Cidadão kane, dia desses eu estava assistindo com o meu filho Alexandre e explicando para ele porque esse é considerado o melhor filme de todos o tempos. Uma das explicações foi a questão da composição. Todos, absolutamente todos os fotogramas do filme têm uma composição totalmente harmônica. Cada um deles dava uma fotografia bela o bastante para colocar num museu. Geralmente a composição era com três elementos: um no centro e os outros dois no canto esquerdo e no direito. Em uma das cenas, a tomada mostra dois jornalistas conversando e, para compor o quadro, aparece ao centro da imagem de Kane refletida na janela.
Um outro detalhe importante é como o ângulo de filmagem ajuda a contar a história. Em uma das primeiras cenas, a mãe e o tutor do jovem Kane estão decidindo o que fazer com ele e o garoto aparece ao fundo, em último plano. Ou seja, o que ele realmente queria estava em último plano. Em outra cena, o governador em exercício chama a mulher de Kane para a casa da amante deste. E começam a conversar. Estão decidindo que Kane retirará sua candidatura para que o escândalo não venha a público. Eles estão lá em primeiro plano, decidindo, e Kane ao fundo e essa cena remente à cena de que falei anteriormente. Quando corta, Kane está em primeiro plano e diz: "Quem decide sou eu!". Percebe-se que ele só toma a decisão de ficar assumir publicamente a amante porque a situação remetia à sua infância... genial, genial...

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