quarta-feira, janeiro 10, 2007

Cemitério maldito


Nesse período comprei nas lojas Americanas (por 9,99) Cemitério Maldito, baseado na obra de Stephen King.
O livro é o que eu mais gostei de ler do King no gênero terror (eu realmente gostei muito de Corredor da morte - adaptado para o cinema como Á espera de um milagre - mas esse não é terror).
Em O cemitério, o autor depura sua técnica horripilante: mostrar pessoas normais em situações absolutamente normais até que você se acostuma com elas, começa a simpatizar com elas. Então o terror se instala em suas vidas. É uma técnica muito mais interessante do que deixar claro, desde o primeiro momento, que se trata de uma história de terror.
Assim, acompanhamos a família Creed se mudando para uma nova casa na beira de uma rodovia. Pitadas de horror aparecem aqui e ali, como quando o fantasma de um estudante morto aparece para avisar o dono da casa de algo terrível, mas fora isso a vida dos Creed parece aconchegantemente normal. Algo como uma coberta quente num dia de frio.
Então o gato de estimação morre e um vizinho o enterra em um cemitério índio, do qual o gato sai como uma espécie de morto-vivo malígno, embora isso não seja nem o começo do horror. O horror, ah, o horror!
Em Belém comprei um livro, Dissecado Stephen King, só com entrevistas com o autor. Numa delas ele diz que o terror é um gênero que tem como objetivo provocar uma catarse da qual saímos purificados. Sabemos que o que está acontecendo nas páginas do livro é algo terrível, mas sabemos também que isso não irá acontecer conosco. Nesse sentido, é quase como uma magia, como aquela história do Neil Gaiman em que um casal ganha de presente um livro escrito sobre eles. No livro, acontecem todas as desgraças possíveis: eles se traem um ao outro, os filhos envolvem-se com drogas e mais algumas delícias... No começo eles ficam ofendidos, mas depois percebem que aquilo tudo está acontecendo nas páginas do livro para que não aconteça com eles, como se o escritor tivesse conjurado uma poderosa magia que transportava para as páginas manuscritas todas as tristezas que poderiam acometer o casal.
O Cemitério é assim. Ao ler no começo nos assustamos, depois pensamos: isso está acontecendo com eles, com essa família, não conosco, e esse pensamento é reconfortador.
Mas falando do filme... bem, é uma verdadeira decepção. Os atores são sofríveis. Dale Midkiff, que interpreta Louis Creed é um daqueles atores que só têm uma expressão facial, geralmente sorrindo. Na verdade, só que convence são as crianças e o velho vizinho, interpretado por Fred Gwynne. E é muito mal dirigido. Fiquei imaginando que filme magnífico daria nas mãos de alguém competente, como M. Nigth Shyamallan.


Compre o livro Cemitério, de Stephen King, no Submarino.

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